sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Numismática

Moedas Portuguesas Comemorativas do Euro

21ª. Moeda
Personagens Europeias
D. Henrique – O Navegador
8 Euro
          
           
Anv: Apresenta no campo o valor facial da moeda “8 Euro”, circundado pela legenda “República Portuguesa”, o escudo português e o símbolo da U.E.
 Rev: Apresenta por fundo e ao centro a figura estilizada do Infante D. Henrique, circundada pela legenda “2006-D. Henrique o Navegador – Personalidades Europeias”.
Autor: João Cutileiro.
Moeda corrente de prata:
Valor facial 8 Euro; 36 mm de diâmetro; 21 g de peso; toque 500/1000; bordo, serrilhado (85.000 exemplares).
Moedas de Prata proof:
Valor facial 8 Euro; 36 mm de diâmetro; 31,10 g de peso; toque 925/1000; bordo, serrilhado. (10.000 exemplares).

Resenha histórica


Um dos vultos mais notáveis da história da civilização europeia e do mundo ocidental, o infante D. Henrique foi o escolhido para dar a estampa a esta moeda.
Biografia:
O Infante D. Henrique nasceu na cidade do Porto a 4 de Março de 1394, recebendo o nome do seu tio-avô Henrique de Lencastre, que viria a ser o futuro rei Henrique IV de Inglaterra. Era o quinto filho de D. João I e de Dona Filipa de Lencastre, recebendo destes conjuntamente com os seus irmãos uma esmerada educação, a qual ficou conhecida como a “Ínclita Geração dos Altos Infantes”. No ano de 1414, com apenas vinte anos, convenceu o pai levar a efeito uma campanha para a conquista de Ceuta. No ano de 1415, procedeu-se à conquista da cidade de Ceuta, assegurando logo de início ao reino de Portugal o controlo das rotas marítimas do comércio entre o Atlântico e o Levante. Neste mesmo ano, foi armado cavaleiro, recebendo os títulos de Duque de Viseu e Senhor da Covilhã. No ano de 1416, foi-lhe encarregue o governo da cidade de Ceuta. No ano de 1418, a cidade de Ceuta sofreu o primeiro cerco, imposto pelo conjunto das forças dos reis de Fez e Granada. D. João, um dos irmãos mais novos do infante, e o próprio D. Henrique foram em socorro da cidade o que lhes granjeou uma vitória, pondo de imediato termo ao cerco. Tentou atacar Gibraltar, mas as condições atmosféricas não o permitiram, impedindo-o de desembarcar. Regressou a Ceuta onde recebeu ordens de D. João I para abandonar esse empreendimento, pelo que tornou a Portugal no ano de 1419. Neste mesmo ano, montou uma armada de corso “pirataria, pilhagem”, que actuava estrategicamente no estreito de Gibraltar partindo da cidade de Ceuta. Com estas acções, permitiu que muitos dos seus homens obtivessem larga experiência náutica e de habituação à vida marítima, servindo-se deles para mais tarde os levar para outras viagens com destinos desconhecidos. Entre os anos 1419 e 1420, alguns dos seus escudeiros, João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, desembarcaram nas ilhas do arquipélago da Madeira, já conhecidas dos portugueses desde do século anterior. Aqui, iniciaram o desenvolvimento do arquipélago com a cultura de cereais que vieram minimizar a escassez deste produto que afligia Portugal. No ano de 1420, D. Henrique foi nomeado dirigente da Ordem de Cristo, sucedânea da Ordem dos Templários, cargo que exerceu durante toda a sua vida. Pelo ano de 1427, alguns dos seus navegadores (Gonçalo Velho) chegaram até aquele que é hoje o arquipélago dos Açores, procedendo de imediato à sua colonização. No ano de 1433, o arquipélago da Madeira foi doado ao infante D. Henrique pelo seu irmão D. Duarte, que entretanto subira ao trono por morte do pai. Na Europa de então, o ponto conhecido mais meridional da costa africana era o Cabo Bojador. No ano de 1434, Gil Eanes foi o primeiro europeu a passá-lo, eliminando de vez os mitos, os medos e as lendas que se contavam acerca do mesmo. No ano de 1437, foi o principal dinamizador e organizador da conquista de Fez, a qual se saldou num fracasso militar enorme, já que o seu irmão mais novo, D. Fernando, mais tarde cognominado “O Infante Santo”, foi feito prisioneiro durante 11 anos, até aí falecer. Por morte do seu irmão D. Duarte, auxiliou o seu irmão D. Pedro na regência durante a menoridade do sobrinho D. Afonso V. No ano de 1441, e com a evolução de novas técnicas de marear, as embarcações foram também de certo modo acompanhando a evolução: surgiu a caravela, uma embarcação de maior porte e com três a cinco velas que permitia um melhor manuseamento e maior velocidade. Neste ano de 1441, Nuno Tristão e Antão Gonçalves atingiram o Cabo Branco. No ano de 1443, chegaram à Baía de Arguim, e aqui procederam à construção de um forte que ficou concluído no ano de 1448. O navegador Dinis Dias chegou ao rio Senegal no ano de 1444, entrando em território guineense; assim os limites sul do grande deserto do Sahara foram ultrapassados, o que permitiu ao Infante D. Henrique cumprir um dos seus objectivos: desviar as rotas do comércio do deserto e aceder às riquezas na África Meridional. No ano de 1446, cerca de quatro dezenas de embarcações levantaram âncora de Lagos com destino à costa meridional africana.

 Em 1450, descobriu-se o arquipélago de Cabo Verde. Foi, por esta época, encomendada a Fra Mauro, um monge veneziano a elaboração de um mapa - mundo do velho continente e onde reflectisse a costa meridional africana. No ano de 1452, chegou o primeiro ouro da costa africana em quantidade tal que permitiu a cunhagem dos primeiros cruzados nesse metal. Pelo ano de 1460, e com a continuidade de forte implementação e entusiasmo incutido pelo Infante, Pêro de Sintra chegou à Serra Leoa. D. Henrique ficou conhecido para a história como o Infante de Sagres ou o Navegador, sendo-lhe atribuída a responsabilidade de ter sido o obreiro e iniciador das descobertas. Segundo Gomes Eanes de Zurara, na crónica do descobrimento e conquista da Guiné, dizia que as expedições organizadas e realizadas pelo Infante tinham cinco motivações: 1- conhecer a terra além Canárias e do cabo Bojador; 2- trazer ao reino mercadorias (riqueza); 3- saber até onde chegava o poder muçulmano; e 4- a expansão da fé Cristã. D. Henrique faleceu no ano de 1460, deixando um legado enorme às gerações vindouras, as quais souberam servir-se dele, para mais tarde descobrirem o caminho marítimo para Índia, o Brasil, e os mares da China e Japão.
F I M
Bibliografia: Wikipedia.org.J.wiki/Infante D. Henrique. Trechos avulsos. História de Portugal Manuel Pinheiro Chagas. Colecção particular do autor. Documentação avulsa da I.N.C.M..
Óbidos, Dezembro de 2013.

Publicado no Jornal das Caldas em 08-01-2014

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