quinta-feira, 28 de julho de 2011





Artigo 63
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

MIL ESCUDOS
Dom Dinis




Chapa 9


A figura do nosso rei trovador D. Dinis (1261-1325) foi a escolhida para embelezar a parte da frente desta nota, recaindo no verso uma reprodução dos painéis, que representam a fundação da Universidade de Lisboa. As maquetas iniciais foram elaboradas pelo arquitecto João de Sousa Araújo, recaindo o fabrico aos gravadores e estampadores holandeses Joh, Enschedé en Zonen, Grafische Inrichting N. V., de Haarlem. Foi incorporada uma técnica de estampagem a talhe - doce a três cores, tanto na frente como no verso da nota. Fugindo um pouco ao habitual esta nota reúne um equilíbrio estético e de alta qualidade. A frente da nota tem uma estampagem calcográfica do busto do Rei Lavrador, D. Dinis, pormenor retirado de uma estátua da autoria de Francisco Franco, legendas e coluna ornamental e diversas fachas de guilhoché. O fundo foi impresso em “off-set”, contém aplicações de duplex e três bandas de cores em íris com a cruz de Cristo. O verso da nota apresenta também uma estampagem tricolor, semelhante à da frente, onde estão patentes os painéis da autoria do pintor Manuel Lapa, que representam a fundação da Universidade de Lisboa e sua posterior transferência para Coimbra, sob protecção de D. Dinis, representado ao lado, sentado no trono com o ceptro. O fundo apresenta um homem lavrando a terra com arado e animais. O papel é de fabrico de Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hampshire, e apresenta como marca de água quando visto à transparência sobe o lado esquerdo a cabeça de D. Dinis, tendo incorporado um filete de segurança de traço descontínuo. Dimensões da nota163 x 82 mm. Foram emitidas 3 180 000 notas com a data de 2 de Abril de 1965. A primeira emissão, 14 de Dezembro de 1965, e a última emissão, 22 de Maio de 1967. Estas notas estiveram envolvidos no caso do assalto ao Banco de Portugal, na agência da Figueira da Foz, pelo grupo armado L.U.A.R., no dia 17 de Maio de 1967, o que resultou, na retirada antecipada de circulação e consequentemente no encurtamento da sua existência. Foram roubadas 18 500 notas com as numerações DS 14 501 a 20 000, F 11 001 a 14 000 e HB 1 a 10 000, as quais não foram postas em circulação, segundo informação do Banco de Portugal de 30 de Junho de 1967, que mais informou de que estas notas não possuíam curso legal e poder liberatório, pelo que não era possível o seu reembolso ou troca. Foram retiradas de circulação em 31 de Agosto de 1967.
D. Dinis, cognominado de “O Lavrador”, “O Rei Agricultor”ou “O Rei Trovador”, nasceu no ano de 1261, filho de D. Afonso III e de sua mulher Dona Beatriz de Castela, neto materno do grande Afonso X de Castela, cognominado de “O Sábio”. Recebeu uma educação muito selectiva, por parte dos seus progenitores, que o rodearam dos grandes mestres de então, que existiam na corte do seu avô Afonso X. Passou temporadas na corte deste, onde aí recebeu contacto com grandes trovadores e poetas que o encaminharam na aprendizagem de línguas e na arte trovadoresca. A corte do avô era frequentada naquela época pelos expoentes máximos da cultura não só de Castela e Leão como também de alguns condados europeus, o que de certo modo o influenciou no desenvolvimento e na apetência pelas letras e literatura. D. Dinis desde muito cedo foi-se envolvendo na governação, pois era o herdeiro da coroa. Subiu ao trono no ano de 1279, altura em que o país se encontrava em litígio com a Igreja: procurando normalizar a situação, assinou um tratado com o papa Nicolau III, onde foi feito juramento para a protecção dos bens de Roma salvando a Ordem dos Templários através da criação da Ordem de Cristo que veio a herdar bens dos Templários em Portugal depois da sua extinção, apoiando também os cavaleiros da Ordem de Santiago Templários. No ano de 1295 envolveu-se em guerra com Castela, acabando por desistir da sua continuação em troca das vilas de Serpa e Moura. Foi assinado o Tratado de Alcanices no ano de 1297, onde ficaram definidas as actuais fronteiras dos dois países. Sendo um rei administrador, a sua prioridade governativa centrou-se essencialmente na organização do reino, dando continuidade à vertente legisladora de seu pai. A profusa legislação está contida no “Livro das Leis e Posturas” e nas “Ordenações Afonsinas”. Das muitas acções que produziram um desenvolvimento económico e financeiro no seu reinado, foi o relacionado com a agricultura, destacando-se, a plantação do pinhal de Leiria, que assim protegia as terras de cultivo da invasão das areias transportadas pelos ventos; a secagem dos pântanos de Salvaterra de Magos e da Várzea de Leiria, que se alongava até aos terrenos de Monte Real; a correcção das margens de rios, etc… . Alguns anos mais tarde, as embarcações que serviram para as expedições, foram construídas em grande parte com as madeiras originárias do referido pinhal. D. Dinis ordenou a exploração do subsolo com a exploração de minas de cobre, prata, ferro e estanho. Foi um dinamizador na troca de produtos com outros reinos, assinando o primeiro tratado comercial no ano de 1308 com a Inglaterra; Foi o criador do almirantado, atribuído como privilégio ao genovês Manuel Pessanha, dando origem às bases de uma verdadeira marinha portuguesa. D. Dinis, além de proteger e promover a agricultura fundou várias comunidades rurais, mercados, feiras francas e concedeu privilégios e isenções a diversas povoações. A cultura estava no seu cerne, pois desde jovem tinha adquirido uma apetência pela literatura, tornando-se num dos poetas mais profícuos e um fecundo trovador do seu tempo. Escreveu 137 cantigas distribuídas do seguinte modo: (73 cantigas de amor, 51 cantigas de amigo e 10 cantigas de escárnio e maldizer). A cidade de Lisboa durante o seu reinado foi um dos centros europeus da cultura. Fundou através do seu documento “A Magna Carta Priveligionum” a Universidade de Coimbra, onde se leccionava o Direito Civil, o Direito Canónico, as Artes e a Medicina. Mandou traduzir importantes obras clássicas, algumas das quais foram implementadas no ensino. Os últimos anos do seu reinado foram marcados por conflitos internos, relacionados com uma relação tempestuosa com o seu filho futuro rei D. Afonso IV, que pensava que o pai estava a favorecer um seu filho bastardo, D. Afonso Sanches que o espoliava do trono. Teve uma larga geração (nove filhos) não só de sua mulher como fruto de diversas relações, devido ao seu carácter impulsivo e amoroso, que não ocultava. D. Dinis faleceu na cidade de Santarém no ano de 1325, sendo sepultado no Mosteiro de São Dinis em Odivelas.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia.org/ D. Dinis Ide Portugal. História de Portugal de Manuel Pinheiro Chagas.
Óbidos – Outubro de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas em 27-07-2011.

quinta-feira, 21 de julho de 2011






Artigo 62
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda


MIL ESCUDOS


Dona Filipa de Lencastre






Chapa 8









Chapa 8 A



O retrato de D. Filipa de Lencastre (1359-1415), mulher de D. João I, na parte da frente, e um grupo escultórico de três figuras em corpo inteiro, no verso ilustram esta nota de esmerado gosto e acentuada técnica. Todo o trabalho destinado ao fabrico das notas foi confiado à firma inglesa Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., New Malden, Surrey. Na composição desta chapa fazem parte duas estampagens calcográficas, na frente da nota, sobre fundo em duplex, impresso em íris, brancas e cheias com linhas ornamentais e um desenho em relevo que se estende pelas margens, apresentando, a preto - acinzentado, a moldura de guilhoché em linha branca, uma vista do Mosteiro da Batalha, e a roxo, a efígie de D. Filipa de Lencastre, o escudo nacional e linhas ondulantes paralelas. No verso, a única estampagem calcográfica a preto – esverdeado, uma reprodução do grupo escultórico, representa o Infante Santo, D. Filipa de Lencastre e Fernão Mendes Pinto, que teve por modelo um pormenor do Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, de autoria do arquitecto Cottineli Telmo e do escultor Leopoldo Neves de Almeida, a cercadura, e o medalhão em gravura numismática com a cabeça coroada da Rainha voltada para fora. O papel foi fabricado por Portals Limited, Laverstoke, Mills, Whitchurch, Hanpshire, de Inglaterra. Tem como marca de água visto à transparência um busto de homem de perfil para o centro. Dimensões da nota 163 x 104 mm. Foram emitidas 4 095 000 notas com a chapa 8 e com a data de 31 de Janeiro de 1956. A primeira emissão, 30 de Janeiro de 1959, e a última emissão, 23 de Maio de 1962. Com a chapa 8 A foram emitidas 5 166 000 notas com a data de 31 de Maio de 1961. A primeira emissão, 23 de Maio de 1962, e a última emissão, 30 de Novembro de 1965. Foram retiradas de circulação tanto as notas com a chapa 8, como as notas com a chapa 8 A, em 30 de Junho de 1979.
Filipa de Lencastre nasceu no ano de 1359 em Leicester, Inglaterra, filha de João de Gant, 1º.duque de Lencastre e de sua mulher, Branca de Lencastre, sendo este filho do rei Eduardo III e de sua mulher Filipa Haissault. Casou com D. João I, na cidade do Porto no ano de 1387, casamento este que deu origem ao acordo no âmbito da Aliança Luso - Inglesa, contra o chamado eixo França – Castela, que perdurou por séculos. Por este casamento, foi-lhe atribuída a distinção inglesa da “Ordem da Jarreteira” ordem esta que foi criada pelo rei Eduardo III de Inglaterra com o espírito medievo de então, e baseada nos ideais da demanda ao Santo Graal e da Corte do Rei Artur. É a mais importante comenda honorífica inglesa. Recebeu como dote os bens, por doação das rendas da alfândega de Lisboa, assim como os das vilas de Alenquer, Óbidos, Sintra, Alvaiázere, Torres Novas e Torres Vedras. Foi uma mãe extremosa educando os seus filhos com base nos princípios ingleses de elevado rigor, apelidados por Luís de Camões nos Lusíadas, como a “Ínclita Geração” referindo-se ao nível cultural dos seus filhos, sendo respeitados e admirados por toda a Europa. Foi uma rainha muito generosa e querida do povo, pela maneira como com eles convivia. Do seu casamento adveio uma ampla geração de príncipes que se notabilizaram em diversos aspectos e foram os impulsionadores do desenvolvimento das acções que dariam origem ao desbravar de mares e terras tanto do ocidente como do oriente; No ano de 1388 foi mãe de um individuo do sexo feminino a quem deram o nome de Branca de Portugal, falecendo muito jovem; Em 1390 foi mãe de um outro do sexo masculino a quem foi dado o nome de Afonso de Portugal; Em 1391 nasceu o seu terceiro filho a quem foi dado o nome de Duarte, e que veio a ser rei sucedendo a seu pai no trono, e também poeta e escritor; Ao quarto filho nascido no ano de 1392, foi dado o nome de Pedro, que viria a ser duque de Coimbra, desempenhando a regência do reino por menor idade do seu sobrinho Afonso, foi dos príncipes mais eruditos do seu tempo, ficando conhecido pelo, “O príncipe das sete partidas do Mundo”; Ao quinto filho, foi-lhe dado o nome de Henrique, que nasceu no ano de 1394, foi duque de Viseu, debruçando-se sobre a navegação, náutica e cartografia, considerado o precursor dos descobrimentos portugueses; Ao sexo filho de sexo feminino foi-lhe dado o nome de Isabel que nasceu no ano de 1397, e casou com Filipe III, duque da Borgonha; No ano de 1400 nasceu o sétimo filho a quem foi dado o nome de João, infante de Portugal; e por último no ano de 1402 nasceu o oitavo e último filho a quem foi dado o nome de Fernando, ficando conhecido na história pelo “Infante Santo”, por ter falecido no seu cativeiro em Fez, após o desastre de Tânger. D. Filipa faleceu no ano de 1415 de peste negra na cidade de Lisboa, dias antes da partida da expedição a Ceuta. O seu corpo está sepultado na Capela do Fundador do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.

F I M
Bibliografia:”O papel-moeda EM Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia.org/Filipa de Lencastre. Infopedia Filipa de Lencastre.
Óbidos – Outubro de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas em 20-07-2011.

sexta-feira, 15 de julho de 2011



Artigo 61
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

MIL ESCUDOS
D. Afonso Henriques







Chapa 7

Esta chapa foi a escolhida para figurar na frente da nota, homenageando a figura de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal (1109?-1185), através da reprodução de« um retrato existente na Sala dos Capelos da Universidade de Coimbra; no verso observa-se uma vinheta com o túmulo de D. Afonso Henriques, na Igreja de Santa Cruz de Coimbra. O trabalho de gravação das chapas e da estampagem das notas foram efectuadas pela firma inglesa Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., New Malden, Surrey. As duas estampagens calcográficas, utilizadas nesta chapa, assentam sobre fundos em duplex, impresso a íris, consistindo em telhas mouriscas, linhas ornamentais brancas e cheias. As estampagens da frente da nota apresentam-se a azul e a verde-escuro, contendo a primeira a figura de Afonso Henriques, o escudo nacional e diversas legendas; e a segunda uma vinheta representando a submissão dos mouros ao monarca e a cercadura em trabalho de torno geométrico em linha branca. No verso da nota existe uma estampagem calcográfica, onde se observa uma vinheta com o túmulo de D. Afonso Henriques, na Igreja de Santa Cruz em Coimbra, a cercadura e uma cabeça de um mouro. O papel é do fabrico da firma Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hampshire, tem como marca de água no lado esquerdo, quando visto à transparência pela frente, a cabeça do monarca com capelo de nasal coroado sobre coifa de malha, de perfil para o centro. Dimensões da nota 163 x 104 mm. Foram emitidas 6 660 000 notas com a data de 29 de Setembro de 1942. A primeira emissão, 22 de Agosto de 1944 e a última emissão, 29 de Janeiro de 1959. Foram retiradas de circulação em 30 de Junho de 1978.
D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, cognominado de “O Conquistador”,“O Fundador”ou”O Grande”; segundo uns, atribuem-lhe o nascimento em Guimarães, outros em Viseu, no ano de 1109, era filho do conde D. Henrique de Borgonha e de sua mulher D. Teresa de Leão, condes de Portucale, filha bastarda do rei Afonso VI de Castela e Leão. Depois da morte do conde D. Henrique, D. Afonso tomou posições políticas contrárias às da mãe que entretanto se tinha aliado ao fidalgo Fernão Peres de Trava. Para assegurar o domínio do condado derrotou a mãe e seu aliado Fernão de Trava na batalha de S. Mamede no ano de 1128, fazendo-se armar cavaleiro na catedral de Zamora, concentrando todos os esforços para obtenção do reconhecimento como reino. Esta vitória sobre a mãe fê-la desistir da ideia de anexar a região portucalense ao reino da Galiza. No ano seguinte D. Afonso através de uma carta proclamou-se soberano das cidades portuguesas. Em 1135 Afonso VII, seu primo, filho de D. Urraca, foi coroado “Imperador”, na catedral de Leão, recusando D. Afonso Henriques prestar-lhe vassalagem. Esta atitude por parte de D. Afonso Henriques, levou o seu primo a atacá-lo no Alto Minho, pelo que o obrigou a prestar fidelidade, segurança e auxílio contra os inimigos, neste caso os mouros, através do Tratado de Tui. Afonso Henriques quando andava a guerrear o primo a norte e a este do seu condado, era atacado pelos mouros a sul, e vice-versa, obrigando-o a tomar atitudes bastante controvérsias em relação às políticas encetadas com o primo, ora anuindo aos tratados de paz ora rompendo com eles, criando uma personalidade muito volúvel e incaracterística que em nada o abonava. No ano de 1139 derrotou os mouros na célebre batalha de Ourique, onde a lenda nos diz que venceu os cinco reis mouros. Um ano após proclamou-se rei de Portugal com o apoio das suas tropas. No ano de 1143 foi assinado o Tratado de Zamora que pôs fim aos conflitos entre ele e o primo estabelecendo a paz, dando-se um passo vital para a independência de Portugal, o que veio a acontecer meses depois. Com a pacificação interna, prosseguiu as conquistas aos mouros, empurrando-os de vez para sul, desde Leiria até ao Alentejo, duplicando em área o território que herdara, sendo apelidado pelos mouros de “Ibn-Arrik” (filho de Henrique). Conquistou a cidade de Leiria no ano de 1145, a cidade de Santarém no ano de 1147, utilizando a técnica de assalto. Tomou Óbidos no ano de 1148. Consolidadas estas cidades marchou sobre Lisboa, utilizando o cerco como táctica de guerra, com a ajuda dos cruzados, que entretanto se dirigiam para a terra santa. Tomou Almada e Palmela, mais tarde, no ano de 1160 Alcácer do Sal. No ano de 1166 a 1168 D. Afonso Henriques apoderou-se de várias praças pertencentes à coroa leonesa. D. Fernando II de Leão, derrotou as forças de D. Afonso Henriques na cidade Rodrigo pois este, entendeu que o seu genro estava a fortificar a cidade com a intenção de o atacar, o que não correspondia à verdade pois estava a repovoá-la. Como resposta D. Afonso entrou na Galiza, tomou Tui e outras praças, atacando também Cáceres. Cercou Badajoz com o fim de a conquistar para a Portugal que se encontrava na posse dos mouros, mas que era pertença do reino de Leão, segundo o Tratado de Sahagún, sem respeitar estas convenções nem os laços de parentesco que o uniam a D. Fernando. Quando D. Afonso atacou Badajoz, Fernão de Leão apresentou-se de imediato e atacou o seu genro, derrotando-o; este tenta fugir a cavalo mas sofre um percalço ferindo-se numa das portas da cidade, ficando refém, recebendo contudo um tratamento nobre e generoso, de parte do genro, que pôs à sua disposição os melhores médicos. Esta campanha foi desastrosa para Portugal, como resultado foi assinado um tratado de paz entre os reinos em Pontevedra nos termos do qual Afonso Henriques seria libertado com a condição de devolver ao genro as cidades estremanhas de Cáceres, Badajoz, Trujillo, Santa Cruz e Montánchez, fixando-se assim as fronteiras de Portugal com os reinos de Leão e da Galiza. No ano de 1179 a igreja reconhece finalmente a independência de Portugal. Após estes factos procurou fixar as populações, promoveu o municipalismo e concedeu forais. Teve um apoio muito importante dos monges de Cister que o auxiliaram a implementar estas medidas, que se reflectiram no desenvolvimento da economia em especial da agricultura. O seu legado resume-se: a)- Ter fundado a nação portuguesa, reconhecida pelo papa e pelos outros reinos europeus; b)- Procedeu à pacificação interna do reino, alargando o território através de conquistas aos mouros; c)- Fundou o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.
Teve uma larga descendência com a sua mulher Mafalda de Sabóia, sete filhos; com Elvira Gálter uma filha; de outras relações três filhos. Faleceu no ano de 1185 na cidade de Coimbra.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Wikipedia.org/Afonso I Portugal. Portal/temas/historia/Afonso I. Vidas lusófonas D. Afonso Henriques.
Óbidos – Outubro de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas em 13-07-2011.


segunda-feira, 11 de julho de 2011





Artigo 60
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda




MIL ESCUDOS


Mestre de Avis








Chapa 6



O retrato do Mestre de Avis, através da reprodução de um quadro proveniente do Museu de Viena de Áustria, foi o escolhido para integrar a frente da nota, sendo o verso composto por uma estampagem do Mosteiro da Batalha. O trabalho da execução desta nota esteve a cargo da casa Waterlow & Sons Ltd., de Londres. A frente da nota apresenta sobre um fundo tipográfico de impressão duplex, em íris, duas estampagens calcográficas; uma a preto, contém a figura do Mestre de Avis, e a outra em tons verde-escuro, os ornamentos, as legendas, o escudo das armas de D. João I e linhas ondulantes paralelas. O verso é composto por uma estampagem calcográfica, a castanho-escuro, apresentando a reprodução de uma gravura antiga, do Mosteiro da Batalha, ornamentos efectuados em torno geométrico em linha branca. O papel foi fabricado em Inglaterra pela firma Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hampshire, tem como filigrana, quando visto à transparência pela frente, uma cabeça de frade, de perfil para o centro. Dimensões da nota 163 x 104 mm. Foram emitidas 4 058 700 notas com a data de 17 de Junho de 1938. Primeira emissão, 6 de Setembro de 1939, e última emissão, 14 de Agosto de 1944. Foram retiradas de circulação em 30 de Junho de 1966.
Biografia:
O Mestre de Avis, mais tarde rei de Portugal com o nome de D. João I, nasceu em Lisboa em Abril de 1358, filho ilegítimo do rei D. Pedro I e de D. Teresa Lourenço, aia de Dona Inês de Castro, foi Mestre da Ordem de Avis e primeiro rei da dinastia com o mesmo nome, cognominado de O de Boa Memória. Aquando da morte de D. Fernando I, Portugal entrou numa crise para a sua sucessão, apresentando-se como candidatos ao trono; Dona Leonor de Teles de Meneses, viúva do mesmo, impopular e olhada por todos com desconfiança, pois não era bem vista pela sociedade de então a sua ligação amorosa com o conde de Andeiro, personagem influente no Paço e nobre galego; Dona Beatriz filha única de D. Fernando I e de Dona Leonor de Teles, casada com o rei João I de Castela; D. João, príncipe de Portugal, filho de D. Pedro I e de Dona Inês de Castro, era visto por muitos como o legítimo herdeiro, mas dúvidas surgiram com o casamento dos pais; e D. João, filho de D. Pedro I e de Teresa Lourenço aia de Dona Inês de Castro. Na turbulência dos acontecimentos, um grupo de nobres e burgueses, entre eles, Álvaro Pais e Nuno Álvares Pereira, levando em conta o descontentamento generalizado, incitam o Mestre de Avis a assassinar o conde de Andeiro, o que veio a acontecer em Dezembro de 1383. D. João I de Castela, fez-se aclamar em Toledo “Rei de Castela e Portugal”, também no mesmo ano, incorrectamente, tanto mais que a sua proclamação em relação a Portugal ia de encontro ao tratado anti-nupcial, que só conferia a Dona Beatriz o direito de herança de D. Fernando I, mantendo-se os reinos de Castela e Portugal separados, o que o monarca de Castela não pretendia. Invadiu Portugal entrando pela Guarda em Dezembro do mesmo ano. Esta invasão provocou um vazio na governação de Portugal, seguindo-se a crise de 1383-1385, ou “Interregno”, um período marcado pela anarquia e instabilidade política onde as diferentes cidades e vilas portuguesas iam tomando o partido ora de Dona Leonor de Teles, ora de Dona Beatriz e de seu marido ou por fim o partido do Mestre de Avis. Durante estes dois anos um estratega militar se evidenciou, revelando-se um general de grande valor, foi ele D. Nuno Álvares Pereira, que com as suas tácticas de luta militar inovadoras, obteve muitas vitórias e foi personagem fundamental na derrota dos castelhanos em terras portuguesas. Em Abril de 1385 as Cortes reuniram em Coimbra aclamando o Mestre de Avis, como rei de Portugal, dando inicio à dinastia também conhecida por “Joanina”. Mais uma vez D. João de Castela invade Portugal com um enorme exército, que integrava um grande contingente de cavalaria francesa. Foi feita a preparação com Nuno Álvares Pereira, das tácticas a adoptar para a recepção deste exército, montando uma enorme armadilha às forças de Castela, que foram de derrota em derrota, rechaçados até às suas fronteiras. Por curiosidade as batalhas mais significativas deste período forma a palavra “ATAV” – A - Atoleiros; T - Trancoso; A - Aljubarrota e V - Valverde”. No ano de 1387 D. João I casou com Dona Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, duque de Lencastre, dando-se inicio ao Tratado de Aliança Luso-Britânico. Deste casamento adveio uma geração de nove filhos, alguns dos quais se evidenciaram superiormente na política, na expansão territorial e na cultura. Após a morte de D. João I de Castela no ano de 1390 e sem herdeiros de Dona Beatriz a ameaça castelhana dissipou-se, o que permitiu ao nosso D. João I dedicar-se ao desenvolvimento económico e social do país. Iniciou a era das conquistas do norte de África com a de Ceuta no ano de 1415, praça de importância estratégica para o controle da navegação da costa de África, armando cavaleiros os seus filhos D. Duarte, que seria o futuro “Rei de Portugal, poeta e escritor”; D. Pedro conhecido pelo “das Sete Partidas do mundo”; e D. Henrique conhecido pelo “Navegador”. Foi um rei astuto e cioso, tendo passado para seus filhos todos as suas ideias e conhecimentos. Luís de Camões nos Lusíadas apelidou-os da “Ínclita Geração”. No ano de 1418 são descobertas as ilhas do Porto Santo, e no ano seguinte a ilha da Madeira. Em 1427 são descobertas algumas ilhas do arquipélago dos Açores, além de uma expedição às ilhas do arquipélago das Canárias. Neste mesmo ano iniciou-se a colonização das ilhas da Madeira e dos Açores. D. João I, morreu em Agosto de 1433, e o seu corpo jaz na Capela do Fundador, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Wikipedia org/O rei D. João I de Portugal. Óbidos – Outubro de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas de 06-07-2011