quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Artigo 13
Centenário da Implantação da República (1910-201


Numária - O papel-moeda

VINTE ESCUDOS

Chapa 1




Iniciamos a abordagem às notas de vinte escudos, dum total de dez, que foram emitidas pelo Banco de Portugal, ao longo destes últimos 90 anos. Recaí a primeira emissão na estampagem do retrato do ilustre poeta, romancista, autor dramático, político português, orador de nomeada, Par do Reino, Ministro e Secretário de Estado Honorário Português, Almeida Garrett.
Foi atribuída a chapa 1 a esta nota, em que nos apresenta na frente e ao centro o oval com o retrato de Garrett, ladeando-o as figuras simbólicas da Glória e da Justiça, sobre um fundo multicolor irisado impresso tipograficamente e composto de pontos, linhas ondulantes verticais e trabalho de torno geométrico em linha escura, estando estampado a talhe doce, em tons acastanhados. Em cada lado da nota, observa-se uma cabeça numismática de perfil para o centro. Este retrato é da autoria de Armando Pedroso, gravador oficial do Banco de Portugal. No verso apresenta-nos um fundo rectangular, impresso tipograficamente em cores irisadas, com uma composição em "moiré", sobressaindo um grande ornato, estampado calcograficamente, a azul, com uma aplicação de guilhoché em linha branca.
O papel foi fabricado pela Société Anonyme des Papeteries du Marais et de Sainte-Marie (França), e tem como característica principal e de segurança, vista de frente e por transparência, na parte superior direita, o desenho de uma cabeça simbolizando a Primavera, voltada para a direita, e na inferior, a meio, a legenda Banco de Portugal.
Dimensão da nota 184 x 121 mm. Foram emitidas 2 900 000 notas com as datas de 5 de Janeiro de 1915, 14 de Abril de 1915, 27 de Abril de 1917, 14 de Dezembro de 1917 e 26 de Março de 1918. A primeira emissão, 14 de Outubro de 1916: Última emissão, 12 de Novembro de 1919. Foi retirada de circulação em 24 de Junho de 1929.
Biografia:
João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, vulgo Almeida Garrett, nasceu na cidade do Porto, em 4 de Fevereiro de 1799, filho do selador mor da Alfândega do Porto. Durante a segunda invasão comandada pelo Marechal Soult, a família refugiou-se nos Açores, onde possuía propriedades. Passou a adolescência na ilha Terceira. Aí recebeu uma educação esmerada a ponto de ser destinado à vida eclesiástica, na Ordem de Cristo, por incumbência do seu tio paterno, Frei Alexandre da Sagrada Família, bispo de Malaca e mais tarde de Angra. Foi também aqui que conheceu a sua companheira Luísa Castelo.
- No ano de 1816, vem para a metrópole, (Coimbra) onde se matricula no curso de direito.
- É um participante e activista na revolução liberal de 1820.
-Em 1821, publica “O Retrato de Vénus”, trabalho este que lhe veio causar imensos problemas, considerando-o materialista, ateu e imoral.
- Casa no ano de 1823 com uma jovem senhora de nome Luísa Midosi; exila-se em Inglaterra após a Vilafrancada. Aqui contactou com o movimento romântico, descobrindo a imensa obra de Shakespeare, Walter Scott e outros ilustres autores do mesmo movimento; aproveitou para visitar castelos, igrejas, abadias góticas, enfim um sem número de monumentos de diversos estilos, que vieram em tudo reflectir e influenciar toda a sua obra.
- No ano de 1824 parte para França, onde se radica até 1826. Nesse espaço de tempo escreve “Camões” em 1825, e “Dona Branca” 1826, obras estas consideradas as primeiras da literatura romântica portuguesa.
- Em 1826 regressa a Portugal, dedicando-se ao jornalismo, fundando e dirigindo o jornal diário “O Português” e o semanário “O Cronista”.
- Em 1828 e após o regresso do rei D. Miguel, é forçado a abandonar o País; neste mesmo ano em Inglaterra publica “Adozinda”.
- Nos anos de 1832 e 1833, conjuntamente com Alexandre Herculano e Joaquim António de Aguiar, tomam parte no desembarque do Mindelo e no cêrco do Porto.
Com a vitória do Liberalismo, instala-se novamente em Portugal, após pequena estadia em Bruxelas, desempenhando o cargo de Cônsul Geral e Encarregado de Negócios.
Em Portugal desempenhou cargos políticos de nomeada; nos anos 30 a 40 distinguiu-se como o maior orador nacional. É-lhe atribuída a criação do Conservatório da Arte Dramática, da Inspecção Geral dos Teatros, do Panteão Nacional e do actual Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.
Após a vitória cartista e o regresso de Costa Cabral ao governo, Almeida Garrett, abandona a vida política até 1852; no entanto, em 1850 conjuntamente com mais 50 altas personalidades, subscreve um protesto contra a proposta sobre a liberdade de imprensa, que ficou conhecida por “lei das rolhas”.
A vida de Garrett, foi tão apaixonante quanto a sua obra: Entre os anos 20 e 30 é um revolucionário; distingue-se nas décadas posteriores como um perfeito apaixonado e galanteador, tornando-se uma personagem principesca nos salões mundanos. Separa-se da sua mulher Luísa Midosi, com quem casara com apenas 14 anos de idade, passando a viver com D. Adelaide Pastor até à morte desta, em 1841. Em 1846, elege como sua musa a viscondessa da Luz, Rosa Montufar Infante, inspiradora dos êxtases românticos “Folhas Caídas”.
- No ano de 1851 e por decreto do Rei D. Pedro V, é feito Visconde.
- No ano de 1852 dirige por alguns dias a pasta dos Negócios Estrangeiros, a pedido do Duque de Saldanha, então presidente do governo.
A vasta obra literária de Garrett, no século XIX e grande parte do século XX, foi tida como das mais geniais da língua, só suplantada apenas pela obra de Camões. É considerado o autor mais representativo do romantismo em Portugal.
Obras mais emblemáticas:
Poemas - Hino Patriótico – Porto – 1820; Ao Corpo Académico – Coimbra-1821; Retrato de Vénus – Coimbra – 1821; Camões – Paris – 1825; Dona Branca ou a Conquista do Algarve – Paris – 1826; Adozinda – Londres – 1828; Lyrica de João Mínimo – Londres – 1829; Miragaia – Lisboa – 1844; Flores sem Fruto – Lisboa – 1845; Os Exilados, à Senhora Rosa Caccia – Lisboa – 1845; Folhas Caídas – Rio de Janeiro e Lisboa – 1853; Camões, com estudo de Camilo Castelo Branco – Porto – 1854.
Obras Póstumas - Dona Branca ou a Conquista do Algarve; Magriço ou Os Dez de Inglaterra; Bastardo do Fidalgo; A Anália; Roubo das Sabinas; Afonseida, ou Fundação do Império Lusitano; Poemas Dispersos.
Peças Teatrais - Catão – Coimbra – 1822; Catão – Londres – 1830; Catão – Rio de Janeiro – 1833; O Alfageme de Santarém ou A Espada do Condestável – Lisboa – 1842; Um Auto de Gil Vicente – Lisboa – 1842; Frei Luís de Sousa – 1843; Dona Filipa de Vilhena – Lisboa - 1846; Falar Verdade a Mentir – Lisboa 1846; A Sobrinha do Marquês – 1848.
Obras Póstumas – Um noivado no Dafundo – Lisboa; Átala – 1914; Lucrécia – 1914; Afonso de Albuquerque – 1914; O Amor da Pátria – 1914; La Lezione Agli Amanti – ópera bufa – 1914; Falar Verdade a Mentir – Rio de Janeiro; As Profecias do Bandarra – Lisboa; Os Namorados Extravagantes – 1974.
Romances, Cancioneiros e Contos – Bosquejo da História da Poesia e da Língua Portuguesa – Paris – 1826; Lealdade, ou a Victória da Terceira – Londres – 1829; Romanceiro e Cancioneiro Geral – Lisboa -. 1843; O Arco de Sant´Ana – Lisboa – 1845; Viagens na Minha Terra – Lisboa – 1846.
Obras Póstumas – Helena – Lisboa – 1871; Memórias de João Coradinho – Lisboa 1881; Joaninha dos Olhos Verdes – Lisboa – 1941; História Brasileira – 1956; Cancioneiros de romances – Lisboa – 1987.
Além destas obras mais significativas, deixou-nos um manancial de artigos, ensaios, biografias, folhetos, cartas, diários e discursos, além da sua participação em publicações periódicas.
Publicações Periódicas – Toucador – periódico dedicado às senhoras portuguesas; Heraclito e Democrático; Português – Diário político, literário e comercial; Cronista – Semanário de política, literatura, ciências e artes; Chaveco Liberal; Precursor; Português Constitucional; Entreacto – Jornal de Teatros; Jornal do Conservatório; Jornal das Belas Artes; Ilustração – Jornal Universal.
Almeida Garrett, faleceu em 9 de Dezembro de 1854, na cidade de Lisboa, sendo sepultado no cemitério dos Prazeres.


F I M

Obra consultada “O papel-moeda em Portugal” – Banco de Portugal. Trechos avulsos. Wikipedia.
Óbidos 16 de Dezembro de 2009

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