sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Numismática
Moedas Portuguesas Comemorativas do Euro
  
24ª. Moeda
Campeonato do Mundo de Futebol
Alemanha - 2006
10 Euro
         
           
Anv: Apresenta ao centro a estilização de um anfiteatro desportivo, acompanhado pela legenda “República Portuguesa”, tendo na parte superior o Escudo Nacional assente na Esfera Armilar, e na parte inferior o valor facial da moeda em duas linhas “10 euro”.


Rev: Apresenta a estilização de uma bola em movimento, circundada pela legenda Campeonato do Mundo de Futebol”, envolvendo a legenda “Fifa Alemanha 2006”. Autor: José Teixeira.
Moeda corrente de prata:
Valor facial 10 Euro; 40 mm de diâmetro; 27 g de peso; toque 500/1000; bordo serrilhado (100.000 exemplares).
Moedas de Prata proof:
Valor facial 10 Euro; 40 mm de diâmetro; 27 g de peso; toque 925/1000; bordo serrilhado. (25.000 exemplares).

Pequeno resumo do Mundial de Futebol na Alemanha (2006)

O Campeonato do Mundo de Futebol de 2006 realizou-se na Alemanha e foi vencido pela Itália. A Alemanha foi o país sede e o único pré-classificado. Pela primeira vez na história do campeonato, o campeão do torneio anterior (no caso, o Brasil) precisou de disputar as eliminatórias para poder defender o direito de participar no torneio. Trinta e dois países participaram no Mundial de 2006, cuja final foi no dia 9 de Julho.


Os países classificados foram: Alemanha (previamente classificada como país sede), Argentina, Brasil, Paraguai, Equador, México, Estados Unidos da América, Trinidade e Tobago, Costa Rica, Portugal, Espanha, Inglaterra, França, Itália, Suíça, Suécia, República Checa, Ucrânia, Sérvia e Montenegro, Países Baixos, Croácia, Polónia, Togo, Gana, Angola, Costa do Marfim, Tunísia, Japão, Arábia Saudita, Irão, Coreia do Sul e Austrália. Facto inédito foi a participação simultânea de três países lusófonos Portugal, Angola e Brasil. Portugal participou pela quarta vez, a segunda consecutiva, numa fase final do Campeonato do Mundo de Futebol. Durante as eliminatórias, Portugal defrontou a Rússia, Eslováquia, Estónia, Letónia, Luxemburgo e Liechtenstein. Treinado pelo técnico brasileiro Luiz Felipe Scolari, terminou as eliminatórias de forma invicta, com 9 vitórias e três empates. No torneio final, Portugal ganhou a Angola, Irão, México e Países Baixos. Empatou com a Inglaterra (Portugal ganhou no desempate por grandes penalidades) e perdeu depois com a França e Alemanha. Pela primeira vez desde 1966, a selecção portuguesa foi uma das semi-finalistas, tendo encerrado a competição na quarta posição. Apesar da derrota contra a Alemanha na disputa do 3º. e 4º. lugares, a Selecção Nacional foi recebida em grande pompa e festejos, com o seu desempenho comparável apenas àquele de 1966. Com este último jogo, despediram-se Luís Figo e Pauleta da Selecção Nacional; o primeiro com 33 anos e 147 internacionalizações e o segundo com os seus 47 golos com o equipamento das cores nacionais.
Resultados:
Angola (0-1) Portugal – Golo de Pauleta
Portugal (2-0) Irão – Golos de Deco e Cristiano Ronaldo
Portugal (2-1) México – Golos de Maniche e Simão Sabrosa
Resultado dos Oitavos-de-final:
Portugal (1-0) Holanda – Golo de Maniche
Resultado dos Quartos-de-final:
Portugal (0-0) Inglaterra – (3-1) em grandes penalidades, com golos de Simão, Postiga e Cristiano Ronaldo.

Resultado das Meias-finais:
Portugal (0-1) França – Golo de Zidane aos 33' de grande penalidade.
Resultado para atribuição do 3º. lugar:

Alemanha (3-1) Portugal – Golo de Gomes. Portugal acabou por ficar em 4º lugar.
Um novo ídolo emerge, de nome Cristiano Ronaldo, que a partir desse ano tem mostrado a sua classe por todo o lado, sendo considerado por muitos o melhor futebolista do Mundo, tendo ganho todos os prémios de maior gabarito do desporto.
Os jogos disputaram-se nas seguintes doze cidades alemãs: Berlim, Dortmund, Frankfurt, Gelsenkirchen, Hamburgo, Hannover, Kaiserwslautern, Colónia, Leipzig, Munique, Nuremberga e Estugarda.
Os estádios começaram a ser preparados pouco tempo depois de selecionadas as cidades que os abrigaram. Enquanto alguns foram apenas submetidos a pequenas adaptações, muitos tiveram que ser completamente reformados e outros foram construídos especialmente para o torneio. Cada estádio modernizado necessitou de um investimento entre 48 e 280 milhões de euro além disso, mais de 1,38 mil milhões de euro foram gastos para os novos estádios, uma soma astronómica.
Neste Mundial, os árbitros mostraram 293 cartões amarelos em 60 jogos e 27 vermelhos, o que é um recorde.
Em contraste com a série de cartões, houve uma escassez de golos, o que fez com que este torneio entrasse para a história tendo  o de menor número de golos marcados.
Foram marcados uma média de 2,3 golos por jogo. O único torneio com uma média mais baixa foi o de 1990, na Itália, quando 115 golos foram marcados em 52 jogos, com média de 2,21.
Por outro lado, a presença de público foi maior do que em qualquer outro Mundial, à exceção de 1994, nos Estados Unidos.
Os jogos foram vistos por cerca de 3,11 milhões de espectadores na Alemanha, perfazendo uma média de 51,7 mil por partida.
Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Copa_do_Mundo_FIFA_de_2006: INCM - Imprensa Nacional - Casa da Moeda - www incm.pt: Diário da República Electrónico – www.dre.pt-Wikipédia-pt.wikipédia.org.: Colecção particular do autor.


F I M
Publicado no Jornal das Caldas em 29-01-2014

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Numismática

Moedas Portuguesas Comemorativas do Euro

23ª. Moeda
Adesão às Comunidades Europeias
Portugal - Espanha
10 Euro
                            
As características desta moeda são as seguintes:

Anv: Apresenta a superfície toda preenchida por uma esfera armilar, figurando ao centro o Escudo Nacional, inscrevendo-se, ao alto, a legenda «República Portuguesa» e, na base, a era 2006.

Rev: Apresenta no reverso, à volta do bordo superior, a legenda “Adesão às Comunidades Europeias”, apresentando por baixo, no campo da moeda, o mapa da Europa, com relevo especial de Portugal, sobrepondo-se  a identificação bem visível das datas «1986» e «2006». Na parte inferior do campo, aparece uma ponte de dois pilares com inscrição, no tabuleiro, do nome dos dois países que aderiram à Comunidade Europeia há 20 anos, «Portugal» e «Espanha». No meio dos pilares está inscrito o valor facial da moeda, «10Euro».
Autor: José Cândido.
Moeda corrente de prata:
Valor facial 10 Euro; 40 mm de diâmetro; 27 g de peso; toque 500/1000; bordo serrilhado (250.000 exemplares).
Moedas de Prata proof:
Valor facial 10 Euro; 40 mm de diâmetro; 27 g de peso; toque 925/1000; bordo serrilhado. (8.000 exemplares).

Adesão de Portugal e Espanha - 1986-2006
Vinte anos
A aventura da construção europeia começou para Portugal há vinte anos. No dia 1 de Janeiro de 1986, depois de quase dez de negociações, avanços e recuos, certezas e incertezas, o nosso país tornou-se membro da Comissão Europeia. A adesão fez-se em conjunto com Espanha. Vinte anos depois, é preciso celebrar.
No total, Portugal recebeu da União Europeia, nos últimos 20 anos, 42.020 milhões de euros de Fundos Estruturais e 6.302 milhões de euros do Fundo de Coesão. Entre 2000 e 2006, 16,5% dos fundos comunitários foram canalizados para a “Economia”, 12,6% para o “Emprego, Formação e Desenvolvimento Social”, 12,4% para os “Transportes” e 9,7% para a “Agricultura”. O investimento em acessibilidades foi muito significativo. Em 1986 havia 196 quilómetros de auto-estradas; hoje há 2.091 quilómetros, que representam 16,5 % do total das infra-estruturas rodoviárias do país. No que se refere ao Produto Interno Bruto (PIB) a diferença de Portugal relativamente à média da União Europeia diminuiu: o PIB per capita (em Padrão de Poder de Compra) passou dos 54,2% em 1986 para os 68% em 2003 (UE a 15, sem os dez novos Estados Membros). Este último valor representaria, em 2003, 74% da média da UE a 25. Há 20 anos, a agricultura, a silvicultura e a pesca representavam 9,4% da economia portuguesa (Valor Acrescentado Bruto). Hoje esse valor é de 3,9%. A indústria transformadora representava 25%; hoje está nos 18,2%. Num registo inverso, o peso dos serviços subiu: de 52,5% passou para 66,9 pontos percentuais. A taxa de inflação sofreu uma clara descida; dos 11,7% passou para os 2,2%. As taxas de juro também mudaram radicalmente nos últimos 20 anos. Em 1986, Portugal registava uma taxa na ordem dos 15,8%. Em 2005 esse número desceu até aos 3,4%. A União Europeia reforçou o seu peso enquanto parceiro comercial privilegiado de Portugal. A taxa de exportações para os países da União Europeia subiu dos 57% para os 80% e a das importações passou dos 44, 9% para os 77%. Há 17 anos, as despesas dos agregados familiares com produtos alimentares, bebidas e tabaco representavam 34,3% do total dos gastos. Em 2000 (data dos últimos dados disponíveis), esse número desceu para os 21,5%. No caso dos transportes, a despesa subiu de 15,7% para os 18,3%, o mesmo se passando com as despesas relativas a habitação, água e electricidade que aumentaram dos 13,6% para os 19,8%. As despesas com tempos livres e cultura também subiram: dos 5,1% em 1986 chegaram aos 6,6% em 2003. O número de telefones fixos por 100 habitantes subiu de 15 para 42. No caso dos telemóveis, a taxa de penetração situa-se hoje nos 92,8%, sendo claramente uma das mais altas de toda a União Europeia. Desde que aderimos à União Europeia, a esperança de vida passou dos 70,3 anos para os 74,5 anos nos homens, e de 77,1 para os 81 anos, nas mulheres. - A taxa de mortalidade infantil desceu dos 15,8 para os 5,1 por cada mil crianças. Hoje, há 3,3 médicos por mil habitantes. Há 20 anos, esse número era de 2,3. A percentagem da despesa do PIB em Investigação e Desenvolvimento passou de 26,4% da média europeia para os 40,2%. Em 1986 a despesa representava 0,41 % do PIB. Em 2003, esse número subiu para os 0,78%. A meta da Agenda de Lisboa para a União Europeia situa-se nos 3%. A taxa de escolarização do ensino secundário subiu, nos últimos 16 anos, dos 17,8% para os 62,5%. No ensino superior, o número de estudantes portugueses em programas Erasmus passou de 25 alunos, em 1986, para os 3.782 alunos em 2004. Até 2004, participaram neste programa 28.139 estudantes. Há quinze anos a taxa de tratamento de águas residuais era de 34%, hoje é de 82%. Também a percentagem da população servida por Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETARS) aumentou; entre 1997 e 2003 passou de 36% para 56%. A recolha selectiva de vidro aumentou grandemente nos últimos 15 anos; passou de 12.722 toneladas para as 90.946 toneladas. No caso do cartão, a subida foi das 1.415 para as 75.692 toneladas e, no campo das embalagens, o diferencial passou das 484 toneladas para as 16.911 toneladas. O número de pessoas a fazerem turismo em Portugal (portugueses e estrangeiros) era, há 20 anos, de 5.624.370. Em 2004, esse número atingiu os 10.961.968. Há 20 anos, o saldo migratório do nosso país era claramente negativo, saíram mais 26.949 indivíduos do que aqueles que entraram. Hoje, a diferença entre os que deixam Portugal e os que escolhem o nosso país para residir já é positiva: 47.229 pessoas. - A taxa de acidentes de trabalho por cem mil trabalhadores desceu de 5,9 em 1994 para os 4,0 em 2002. Em 1990 registaram-se 305.512 acidentes, em 2001 esse número chegou aos 244.936
Comentários proferidos por iminentes políticos da época sobre o 20º.Aniversário da Adesão de Portugal e Espanha às Comunidades Europeias.

 Disse Capoulas Santos - Francamente positivo. Ninguém minimamente sensato pode avaliar de outra forma o balanço dos 20 anos de adesão de Portugal à União Europeia. Para os que têm idade para tal, basta recorrer um pouco à memória e comparar o Portugal de hoje com o de há duas décadas atrás. Não tenho quaisquer dúvidas de que, sem a integração europeia, não teria sido possível a evolução que se verificou na sociedade portuguesa tendo em conta o ponto de partida. Não apenas nas infra-estruturas físicas e equipamentos sociais como também no acesso à habitação própria e a bens de primeira necessidade como a outros indicadores de bem estar antes apenas acessíveis a um restrito número de beneficiários, para não falar do novo estatuto concedido aos nossos emigrantes e do papel de Portugal na cena internacional.
 O futuro de Portugal na UE depende, por um lado, dos próprios portugueses e da sua liderança política e, por outro, dos demais cidadãos e líderes europeus. O contexto actual é particularmente exigente para os portugueses confrontados com a necessidade de proceder urgentemente a ajustamentos estruturais sempre adiados e que corajosamente estão a ser concretizados com custos políticos e sociais elevados, em contexto de crise e de busca de rumo na Europa e num contexto mundial de globalização económica e de perigosa unipolaridade. Acredito porém no futuro da União e no reforço do seu papel no mundo, se for capaz de se manter fiel aos cada vez mais actuais valores que estiveram na sua génese: a paz, a democracia e a solidariedade.

 Disse Edite Estrela - O balanço é muito positivo. Nos últimos vinte anos, Portugal mudou muito e, quase sempre, para melhor. A qualidade de vida dos portugueses aproximou-se dos parâmetros dos países desenvolvidos. Socializou-se a educação e a cultura, tornou-se acessível a saúde e reconheceram-se os direitos das crianças e dos idosos. Graças aos fundos comunitários, o nosso país desenvolveu-se e modernizou-se. Adoptaram-se modelos de recolha e tratamento dos resíduos sólidos amigos do ambiente. Alargaram-se e aperfeiçoaram-se os sistemas de saneamento básico e de distribuição de água. Melhorou-se a rede viária e construíram-se novos equipamentos culturais, educativos, desportivos e sociais.
A Europa na sua actual complexidade difere do modelo sonhado por Jean Monnet. Os desafios do presente exigem, mais do que nunca, lideranças fortes capazes de pôr em prática a Estratégia de Lisboa, fazendo da Europa "a mais competitiva e dinâmica economia dirigida ao conhecimento em 2010". O futuro de Portugal e da Europa depende da nossa capacidade colectiva de dar prioridade à concretização dos objectivos definidos na cimeira de Lisboa em 2000 e validados em 2005.

Disse Ilda de Figueiredo - É um balanço difícil de fazer em poucas palavras. Durante 20 anos muita coisa mudou em Portugal. Temos mais infra-estruturas (auto-estradas, estádios de futebol, pontes, novos equipamentos, mais habitação e saneamento básico), mas temos menos indústrias, menos pesca, menos agricultores e uma enorme dependência do exterior. Neste momento, vivemos uma das maiores crises económico-sociais após a revolução do 25 de Abril de 1974, com estagnação/recessão económica, crescimento do desemprego, das desigualdades sociais e da pobreza e exclusão social. É certo que nem tudo é culpa da adesão à CEE/União Europeia. Mas é em nome das políticas mercado interno, da moeda única, do Pacto de Estabilidade, da Estratégia de Lisboa, da PAC e da Política Comum de Pescas, das liberalizações e privatizações, que os governos portugueses têm posto em prática as políticas que estão na origem da grave situação que se vive no País.

Nota: Estes dados estatísticos são referentes ao ano de 2006. (Ano do 20º. Aniversário da Adesão de Portugal e Espanha à Comunidade Europeia).

Fontes: INE, Eurostat, Direcção-Geral do Desenvolvimento Regional. 2006: Vinte anos da adesão de Portugal à EU -1986-2006. Informação avulsa da I.N.C.M. Colecção particular do autor.

F I M
Publicado no Jornal das Caldas de 22-01-2014

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Numismática

Moedas Portuguesas Comemorativas do Euro

22ª. Moeda
150 Anos da Primeira Linha Férrea
Lisboa - Carregado
8 Euro
  As características desta moeda são as seguintes:

Anv: Apresenta no campo a bandeira nacional ondulante, possuindo por baixo o valor facial da moeda “€ 8”, orlada na base com a legenda “República Portuguesa”.

 Rev: Apresenta por fundo a estilização de uma linha de caminho de ferro ladeado à esquerda pelo brasão da cidade de Lisboa e à direita pelo da cidade do Carregado, circundados pela legenda “150 Anos da Primeira Linha Férrea Lisboa Carregado, 1856-2006”.
Autor: Hélder Baptista.
Moeda corrente de prata:
Valor facial 8 Euro; 36 mm de diâmetro; 21 g de peso; toque 500/1000; bordo, serrilhado (100.000 exemplares).
Moedas de Prata proof:
Valor facial 10 Euro; 36 mm de diâmetro; 31,10 g de peso; toque 925/1000; bordo, serrilhado. (15.000 exemplares).

Historial

Em 28 de Outubro de 1856, inaugurou-se o caminho de ferro de Portugal, com a 1ª linha férrea de Lisboa ao Carregado.

Desta inauguração, transcrevo uma passagem do livro de memórias da Marquesa de Rio Maior (que à data era ainda criança):
”Vou narrar o que me lembra do solene dia da inauguração que, enfim, chegou. Minha mãe não quis ir ao banquete do Carregado. Mas foi comigo para um cerro fronteiro à estação de Alhandra ver a passagem do comboio (….). Finalmente, avistámos ao longe um fumozinho branco, na frente de uma fita escura que lembrava uma serpente a avançar devagarinho. Era o comboio? Quando se aproximou, vimos que trazia menos carruagens do que supúnhamos. O comboio parou por um momento na estação, de onde se ergueram girândolas estrondosas de foguetes (...).Só no dia seguinte ouvimos o meu pai contar as várias peripécias dessa jornada de inauguração. A máquina (...) não tinha força para puxar todas as carruagens que lhe atrelaram; e fora as largando pelo caminho. Creio que se o Carregado fosse mais longe e a manter-se uma tal proporção, chegava lá a máquina sozinha ou parte dela. (...) Meu pai passou para a carruagem real, na qual chegou ao Carregado, onde assistiu aos festejos e comeu lautamente, porque o banquete era farto ".



Com esta inauguração, a máquina a vapor substituiu as faluas do Tejo, e, igualmente, os serviços regulares das carreiras da mala-posta, o que foi uma evolução enorme nos meios de transporte de pessoas e bens, tornando-o mais célere e seguro.



Pequena resenha da construção das linhas de caminho de ferro, desde a inauguração no ano de 1856, até à abertura da exploração da linha de caminho de ferro de Torres Vedras a Leiria, no ano de 1887.


28-10-1856 Inauguração do troço entre Lisboa e Carregado, na Linha do Leste.
01-02-1861 Abertura à exploração dos troços entre o Barreiro e Vendas Novas, na Linha do Sul e do troço entre Pinhal Novo e Setúbal, na Linha do Sado.1861 A bitola da via da Linha do Leste é alterada de 1,44 m para 1,67 m.08-06-1863 Abertura à exploração do troço entre Estarreja e Gaia, na Linha do Norte.14-09-1863 Abertura à exploração do troço entre Casa Branca e Évora, na Linha de Évora.24-09-1863 Abertura à exploração da Linha de Lisboa à fronteira. Conclusão da Linha de Leste.1864 A bitola da via da Linha do Sul é alterada de 1,44m para 1,67m.01-05-1865 Inauguração da estação principal das Linhas do Leste e Norte, Lisboa-Santa Apolónia. 02-07-1873 Inauguração da Linha de Sintra. 05-01-1875-O início da construção da Ponte Maria Pia sobre o Rio Douro, na Linha do Norte. 21-05-1875 Abertura à exploração do troço entre Campanhã e Nine, na Linha do Minho e do Ramal de Braga.22-06-1875 A Companhia Real decide substituir os carris de ferro por carris de aço.30-07-1875 Abertura à exploração do troço entre Ermesinde e Penafiel, na Linha do Douro.04-11-1877 Inauguração da Ponte Maria Pia sobre o Rio Douro, na Linha do Norte.05-11-1877 Abertura à exploração do troço entre Gaia e Campanhã, na Linha do Norte. 04-04-1880 Abertura à exploração do troço entre Régua e Ferrão, na Linha do Douro.01-06-1880 Abertura à exploração do troço entre Ferrão e Pinhão, na Linha do Douro.06-06-1880Abertura à exploração do Ramal de Cáceres.01-07-1882 Abertura à exploração da Linha da Beira Alta, entre Figueira da Foz e a fronteira de Vilar Formoso.03-08-1882 Inauguração oficial da Linha da Beira Alta.06-08-1882Abertura à exploração do troço entre Segadães e Valença, na Linha do Minho.12-10-1882 Contrato entre o Governo e o “Sindicato Portuense” (conjunto de bancos do Porto), para a construção da linha férrea de Salamanca a Barca de Alva e de Salamanca a Vilar Formoso.01-09-1883 Abertura à exploração do troço entre Pinhão e Tua, na Linha do Douro.31-12-1883 Abertura à exploração do troço entre Trofa e Vizela, na Linha de Guimarães.14-04-1884 Abertura à exploração do troço entre Vizela e Guimarães, na Linha de Guimarães.1885 Abertura à exploração da segunda  via do troço entre Campolide e Cacém, na Linha do Oeste.1886 Inauguração da Ponte Internacional de Valença.25-03-1886 Abertura à exploração do Ramal Internacional entre Valença e a fronteira.10-01-1887 Abertura à exploração do troço entre Tua e Pocinho, na Linha do Douro.02-04-1887 Abertura à exploração do troço entre Alcântara-Terra e Cacém, na Linha do Oeste, e do Ramal de Sintra (Cacém e Sintra).21-05-1887 Abertura à exploração do troço entre Cacém e Torres Vedras, na Linha do Oeste.
Início das obras de construção do Túnel do Rossio. 01-08-18771 Abertura à exploração do troço Torres Vedras a Leiria, na Linha do Oeste.

Fontes:
Colecção particular do autor.

Dezembro de 2013.

FIM


Publicado no Jornal das Caldas em 15-01-2014

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Numismática

Moedas Portuguesas Comemorativas do Euro

21ª. Moeda
Personagens Europeias
D. Henrique – O Navegador
8 Euro
          
           
Anv: Apresenta no campo o valor facial da moeda “8 Euro”, circundado pela legenda “República Portuguesa”, o escudo português e o símbolo da U.E.
 Rev: Apresenta por fundo e ao centro a figura estilizada do Infante D. Henrique, circundada pela legenda “2006-D. Henrique o Navegador – Personalidades Europeias”.
Autor: João Cutileiro.
Moeda corrente de prata:
Valor facial 8 Euro; 36 mm de diâmetro; 21 g de peso; toque 500/1000; bordo, serrilhado (85.000 exemplares).
Moedas de Prata proof:
Valor facial 8 Euro; 36 mm de diâmetro; 31,10 g de peso; toque 925/1000; bordo, serrilhado. (10.000 exemplares).

Resenha histórica


Um dos vultos mais notáveis da história da civilização europeia e do mundo ocidental, o infante D. Henrique foi o escolhido para dar a estampa a esta moeda.
Biografia:
O Infante D. Henrique nasceu na cidade do Porto a 4 de Março de 1394, recebendo o nome do seu tio-avô Henrique de Lencastre, que viria a ser o futuro rei Henrique IV de Inglaterra. Era o quinto filho de D. João I e de Dona Filipa de Lencastre, recebendo destes conjuntamente com os seus irmãos uma esmerada educação, a qual ficou conhecida como a “Ínclita Geração dos Altos Infantes”. No ano de 1414, com apenas vinte anos, convenceu o pai levar a efeito uma campanha para a conquista de Ceuta. No ano de 1415, procedeu-se à conquista da cidade de Ceuta, assegurando logo de início ao reino de Portugal o controlo das rotas marítimas do comércio entre o Atlântico e o Levante. Neste mesmo ano, foi armado cavaleiro, recebendo os títulos de Duque de Viseu e Senhor da Covilhã. No ano de 1416, foi-lhe encarregue o governo da cidade de Ceuta. No ano de 1418, a cidade de Ceuta sofreu o primeiro cerco, imposto pelo conjunto das forças dos reis de Fez e Granada. D. João, um dos irmãos mais novos do infante, e o próprio D. Henrique foram em socorro da cidade o que lhes granjeou uma vitória, pondo de imediato termo ao cerco. Tentou atacar Gibraltar, mas as condições atmosféricas não o permitiram, impedindo-o de desembarcar. Regressou a Ceuta onde recebeu ordens de D. João I para abandonar esse empreendimento, pelo que tornou a Portugal no ano de 1419. Neste mesmo ano, montou uma armada de corso “pirataria, pilhagem”, que actuava estrategicamente no estreito de Gibraltar partindo da cidade de Ceuta. Com estas acções, permitiu que muitos dos seus homens obtivessem larga experiência náutica e de habituação à vida marítima, servindo-se deles para mais tarde os levar para outras viagens com destinos desconhecidos. Entre os anos 1419 e 1420, alguns dos seus escudeiros, João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, desembarcaram nas ilhas do arquipélago da Madeira, já conhecidas dos portugueses desde do século anterior. Aqui, iniciaram o desenvolvimento do arquipélago com a cultura de cereais que vieram minimizar a escassez deste produto que afligia Portugal. No ano de 1420, D. Henrique foi nomeado dirigente da Ordem de Cristo, sucedânea da Ordem dos Templários, cargo que exerceu durante toda a sua vida. Pelo ano de 1427, alguns dos seus navegadores (Gonçalo Velho) chegaram até aquele que é hoje o arquipélago dos Açores, procedendo de imediato à sua colonização. No ano de 1433, o arquipélago da Madeira foi doado ao infante D. Henrique pelo seu irmão D. Duarte, que entretanto subira ao trono por morte do pai. Na Europa de então, o ponto conhecido mais meridional da costa africana era o Cabo Bojador. No ano de 1434, Gil Eanes foi o primeiro europeu a passá-lo, eliminando de vez os mitos, os medos e as lendas que se contavam acerca do mesmo. No ano de 1437, foi o principal dinamizador e organizador da conquista de Fez, a qual se saldou num fracasso militar enorme, já que o seu irmão mais novo, D. Fernando, mais tarde cognominado “O Infante Santo”, foi feito prisioneiro durante 11 anos, até aí falecer. Por morte do seu irmão D. Duarte, auxiliou o seu irmão D. Pedro na regência durante a menoridade do sobrinho D. Afonso V. No ano de 1441, e com a evolução de novas técnicas de marear, as embarcações foram também de certo modo acompanhando a evolução: surgiu a caravela, uma embarcação de maior porte e com três a cinco velas que permitia um melhor manuseamento e maior velocidade. Neste ano de 1441, Nuno Tristão e Antão Gonçalves atingiram o Cabo Branco. No ano de 1443, chegaram à Baía de Arguim, e aqui procederam à construção de um forte que ficou concluído no ano de 1448. O navegador Dinis Dias chegou ao rio Senegal no ano de 1444, entrando em território guineense; assim os limites sul do grande deserto do Sahara foram ultrapassados, o que permitiu ao Infante D. Henrique cumprir um dos seus objectivos: desviar as rotas do comércio do deserto e aceder às riquezas na África Meridional. No ano de 1446, cerca de quatro dezenas de embarcações levantaram âncora de Lagos com destino à costa meridional africana.

 Em 1450, descobriu-se o arquipélago de Cabo Verde. Foi, por esta época, encomendada a Fra Mauro, um monge veneziano a elaboração de um mapa - mundo do velho continente e onde reflectisse a costa meridional africana. No ano de 1452, chegou o primeiro ouro da costa africana em quantidade tal que permitiu a cunhagem dos primeiros cruzados nesse metal. Pelo ano de 1460, e com a continuidade de forte implementação e entusiasmo incutido pelo Infante, Pêro de Sintra chegou à Serra Leoa. D. Henrique ficou conhecido para a história como o Infante de Sagres ou o Navegador, sendo-lhe atribuída a responsabilidade de ter sido o obreiro e iniciador das descobertas. Segundo Gomes Eanes de Zurara, na crónica do descobrimento e conquista da Guiné, dizia que as expedições organizadas e realizadas pelo Infante tinham cinco motivações: 1- conhecer a terra além Canárias e do cabo Bojador; 2- trazer ao reino mercadorias (riqueza); 3- saber até onde chegava o poder muçulmano; e 4- a expansão da fé Cristã. D. Henrique faleceu no ano de 1460, deixando um legado enorme às gerações vindouras, as quais souberam servir-se dele, para mais tarde descobrirem o caminho marítimo para Índia, o Brasil, e os mares da China e Japão.
F I M
Bibliografia: Wikipedia.org.J.wiki/Infante D. Henrique. Trechos avulsos. História de Portugal Manuel Pinheiro Chagas. Colecção particular do autor. Documentação avulsa da I.N.C.M..
Óbidos, Dezembro de 2013.

Publicado no Jornal das Caldas em 08-01-2014