Numismática
Moedas Portuguesas Comemorativas do Euro
15ª. Moeda
Património Mundial da Humanidade
Centro Histórico de Angra do Heroísmo
5 Euro
Anv: Apresenta no campo central o escudo nacional circundado na orla
superior pela legenda “República Portuguesa” e na orla inferior pelo valor
facial da moeda “5 Euro”, entre florões.
Rev: Apresenta por fundo a
estilização da cidade, com a baía, o monte brasil, brilhando ao alto uma
espécie de sol com a forma do símbolo da Unesco, circundando estes elementos a
legenda “Centro Histórico de Angra do Heroísmo – 2003”.
Autor: Álvaro França
Moeda
corrente de prata:
Valor
facial 5 Euro; 30 mm de diâmetro; 14 g de peso; toque 500/1000; bordo,
serrilhado (350.000 exemplares).
Moedas
de Prata proof:
Valor
facial 5 Euro; 30 mm de diâmetro; 24 g de peso; toque 925/1000; bordo,
serrilhado. (15.000 exemplares).
História da cidade de Angra do Heroísmo
Angra do Heroísmo é uma cidade que se
localiza na costa sul da Ilha Terceira, no arquipélago dos Açores,
com cerca de 10 800 habitantes, sede de um município com 239 Km2, e que
comporta 19 freguesias.
O local escolhido pelos primeiros povoadores foi uma crista
de colinas, que se abria, em anfiteatro, sobre duas baías, separadas pelo
vulcão extinto do Monte Brasil. Uma delas, a denominada
"angra", tinha profundidade para a ancoragem de embarcações de maior
tonelagem, as naus.
Tinha como vantagem a proteção de todos os ventos, excepto os de Sudeste. As
primeiras habitações foram erguidas na encosta sobre essa angra, em ruas
íngremes de traçado tortuoso dominadas por um outeiro. Neste, pelo lado de
terra, distante do mar, foi iniciado um castelo com a função de defesa, à
semelhança do urbanismo
medieval
europeu:
o chamado Castelo dos Moinhos.
Por carta passada pela Infanta Dona Beatriz em 2 de abril
de 1474,
a capitania de Angra foi
doada a Álvaro Martins Homem, que ao tomar posse
dela deu início aos trabalhos da chamada Ribeira dos
Moinhos, aproveitando a forças de suas águas e lançando as bases
para o futuro desenvolvimento económico da povoação. A partir da proteção
propiciada pelo Castelo dos Moinhos (atual Alto da Memória), o casario
acompanhou a Ribeira dos Moinhos até à baía, primitivamente por ruas e vielas
sinuosas - ruas do Pisão, da Garoupinha, de Santo Espírito, das Alcaçarias -
cuja toponímia conservou a memória de suas actividades económicas. Martins
Homem deu início à chamada Casa do Capitão, posteriormente acrescentada por João Vaz Corte Real, que também procedeu à
canalização da Ribeira, à construção do primitivo Cais da Alfândega, da muralha
defensiva da baía de Angra e do Hospital de Santo Espírito.
Ao mesmo tempo, liberava a área do vale para que, de acordo
com os princípios do urbanismo do Renascimento,
pudessem ser abertas ruas obedecendo a um plano ortogonal, organizadas por
funções, de acordo com as necessidades do porto que crescia com rapidez. Nesse
plano ortogonal serão abertas as ruas da Sé e Direita, ligando os principais
elementos da cidade: o porto e a casa do capitão nos extremos do braço menor,
os celeiros do Alto das Covas e a Câmara Municipal nos do braço maior. Ao longo
do século XVI
a cidade crescerá até ao Alto das Covas e a São Gonçalo, embora com ruas de
traçado mais irregular.
Desse modo, em poucos anos, desde 1478, a povoação fora
elevada à categoria de vila e, em 1534, ainda no contexto dos Descobrimentos,
foi a primeira do arquipélago a ser elevada à condição de cidade3 . No mesmo ano, foi escolhida pelo Papa Paulo
III para sede da Diocese de
Angra com jurisdição sobre todas as ilhas dos Açores.
As razões para esse vigoroso progresso deveram-se à
importância do seu porto como escala da chamada Carreira da Índia, centrado na prestação de
serviços de reabastecimento e reaparelhamento das embarcações carregadas de
mercadorias e de valores. Por essa razão desde as primeiras décadas do século XVI
aqui foi instalada a Provedoria das Armadas, com essa função e
a de apoiar a chamada Armada das ilhas. Posteriormente, no contexto da
Dinastia Filipina, a estes vieram justar-se os
galeões espanhóis carregados de ouro e prata, oriundos das Índias Ocidentais, numa rota que se
estendia de Cartagena das Índias, passava por Porto Rico
e por Angra, e alcançava Sevilha. Para apoiar essas fainas, foram implantados os
primeiros estaleiros navais, na Prainha e no Porto das Pipas, e as
fortificações que fecham a baía: o chamado Castelo de São Sebastião e
o de São João Baptista.
A cidade, mais de uma vez, teve parte activa na história de Portugal: à época da Crise de sucessão de 1580 resistiu ao
domínio Castelhano, apoiando D.António I de Portugal (Prior do Crato) que
aqui estabeleceu o seu governo, de 5 de Agosto
de 1580
a 6 de Agosto
de 1582.
O modo como expulsou os espanhóis entrincheirados na fortaleza do Monte Brasil
em 1641
valeu-lhe o título de "Sempre leal cidade", outorgado por Dom João IV de Portugal.
Posteriormente, aqui esteve Afonso VI de Portugal, detido nas
dependências da fortaleza do Monte Brasil, de 21 de Junho
de 1669
a 30 de Agosto
de 1684.
Posteriormente Angra constitui-se na capital da Província
dos Açores, sede do Governo-geral e em residência dos Capitães-generais, por
Decreto de 30 de Agosto de 1766, funções que
desempenhou até 1832.
No século XIX, Angra constitui-se em centro e alma
do movimento liberal em
Portugal. Tendo abraçado a causa constitucional, aqui se estabeleceu em 1828 a Junta Provisória,
em nome de Maria II de Portugal. Foi nomeada capital
do reino por Decreto de 15 de Março de 1830. Aqui, no contexto da
Guerra Civil Portuguesa (1828-1834),
Pedro IV de Portugal organizou a expedição
que levou ao desembarque do Mindelo e aqui promulgou
alguns dos mais importantes decretos do novo regime, como o que criou novas
atribuições às Câmaras Municipais, o que reorganizou o Exército Português, o que aboliu as Sisas
e outros impostos, o que extinguiu os morgados e capelas, e o que promulgou a
liberdade de ensino no país.
Em reconhecimento de tantos e tão destacados serviços, o
Decreto de 12 de Janeiro de 1837 conferiu à cidade o
título de "mui nobre, leal e sempre constante cidade de Angra do
Heroísmo", e condecorou-a com a Grã-Cruz da Ordem Militar
da Torre e Espada.
Em Angra encontraram refúgio Almeida
Garrett, durante a Guerra
Peninsular, e a rainha Maria II de Portugal entre 1830 e 1833, durante a Guerra
Civil Portuguesa (1828-1834). Por aqui passou Charles
Darwin, a bordo do "HMS Beagle",
tendo aportado a 20 de Setembro de 1836. Darwin partiu daqui
para a ilha de São Miguel em 23 de
setembro, após fazer um passeio a cavalo pela ilha, onde entre
vários locais visitou as Furnas do
Enxofre, tendo na altura afirmado que a nível
biológico "nada de interessa encontrar".
Títulos concedidos à cidade
1-Em 1643 por Alvará de 2 de Abril,
D. João IV de Portugal concede à cidade de Angra o
título de "Mui nobre e leal", pela sua bravura durante a
Guerra da Restauração;
2- No ano de 1828 – Um decreto (não revogado) de 28 de Outubro
que declara Angra a Capital da Província dos Açores, com o
seguinte preambulo: “Tendo sido esta cidade condecorada com o título de:
Muito nobre e sempre leal cidade de Angra, pelos feitos heróicos praticados por
seus fiéis habitantes na restauração de Portugal em 1641, e tendo outrossim
estas ilhas sido declaradas adjacentes ao reino de
Portugal por alvará de 26 de
Fevereiro de 1771,
e ultimamente (1828) contempladas como província do reino, §. 1.º, artigo 2.º,
título 1.º da Carta Constitucional: há por bem esta Junta
Provisória, encarregada de manter a legítima autoridade d'el-rei o
Sr. D. Pedro IV, declarar em nome do mesmo
Augusto Senhor, que todas as nove ilhas dos Açores são uma só e única província
do reino, e que esta cidade de Angra é a capital da província dos Açores. As
autoridades a quem competir assim o tenham entendido, cumpram e façam executar:
e o Secretário dos Negócios Interinos faça dirigir cópia deste decreto às
estações competentes e autoridades na forma do estilo. - Angra, 28 de Outubro
de 1828.
3- Em 1830 por força do Decreto lei de 15 de Março,
a cidade Angra é nomeada capital do Reino de Portugal.
4- Em 1837 - Por Carta Régia, pelos serviços prestados durante a
Guerra Civil, a cidade de Angra acrescenta aos seus títulos o de "Heroísmo"
e de "Sempre Constante", tornando-se a "Mui Nobre,
Leal e Sempre Constante Cidade de Angra do Heroísmo"; a sua Câmara
Municipal é condecorada com a Grã-Cruz da Ordem Militar
da Torre e Espada, Valor, Lealdade e Mérito, recebendo um novo brasão
de armas;
5- A riqueza
de seu património edificado fê-la ser classificada como cidade Património
Mundial pela Unesco desde 1983.
Créditos: Wikipédia- Centro Histórico da cidade de Angra do Heroísmo; Documentação
avulsa da INCM; e colecção particular do autor.
Óbidos - Setembro de 2013
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