quarta-feira, 16 de junho de 2010


Artigo 18
Centenário da Implantação da República (1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
1910 – 2010

VINTE ESCUDOS




Chapa 6

Na sexta nota, onde foram atribuídas duas chapas, com os números 6 e 6A, foi relembrada a figura de D. António Luís de Meneses, Conde de Cantanhede e Marquês de Marialva. Figura ímpar na Guerra da Restauração, foi um dos conjurados de 1640.
A estampagem da nota foi elaborada pela firma inglesa Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd., New Malden Surrey. A frente da nota apresenta duas estampagens calcográficas (talhe doce); uma a roxo que engloba o retrato de D. António Luís de Meneses e a legenda Banco de Portugal, outra, a verde, com trabalho guilhoché em linha branca, cabeça numismática simbolizando a República. O verso apresenta uma estampagem calcográfica, a verde escuro com trabalho de guilhoché em linha branca. O fundo multicolor irisado, tem um ornato central, onde se observa uma impressão técnica duplex, envolvendo o emblema do Banco. Foi a primeira nota portuguesa a utilizar um filete de segurança metalizado introduzido no próprio papel. Esta nota foi a que mais tempo circulou cerca de trinta e sete anos. O papel foi fabricado pela firma inglesa Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hants, tendo como característica principal o já citado filete de segurança, disposto na vertical, e a marca de água quando vista de frente e à transparência, no lado esquerdo uma cabeça de homem, de perfil para o centro. Mais tarde e devido aos custos, o filete de segurança deixou de ser fabricado em material metálico e passou a ser fabricado num outro material. Dimensões da nota 135 x 76 mm. Foram emitidas 184 366 000 notas com a chapa 6, e datadas de 28 de Janeiro de 1941, 29 de Agosto de 1944, 13 de Agosto de 1946, 27 de Julho de 1948, 28 de Junho de 1949, 26 de Junho de 1951, 25 de Maio de 1954, 27 de Janeiro de 1959. Primeira emissão, 19 de Dezembro de 1941 e a última em 2 de Janeiro de 1961. As notas com a chapa 6A, tiveram a emissão de 21 618 000 notas, com a data de 26 de Julho de 1960. A primeira emissão, 26 de Janeiro de 1962 e a última a 11 de Janeiro de 1965. Foram retiradas de circulação em 30 de Junho de 1978, conjuntamente com as notas do mesmo valor Chapa 6.
Biografia:
Dom António Luís de Meneses, 1º. Marquês de Marialva e 3º. Conde de Cantanhede nasceu em 13 de Dezembro de 1596 e faleceu em Agôsto de 1675; foi um fidalgo de alta linhagem, General do exército, Conselheiro de Estado e de guerra, Vedor da fazenda Real, Ministro do despacho, Governador das Armas de Lisboa, Setúbal, Cascais e Estremadura, e Capitão General da província do Alentejo Foi considerado o general que mais se distinguiu na Guerra da Restauração (1640). Era filho do 2º. Conde de Cantanhede, de quem herdou o título, D. Pedro de Meneses e de sua mulher D. Constança de Gusmão, filha do 1º. Conde de Vila Franca, Rui Gonçalves da Câmara. Como podemos depreender era oriundo da mais alta fidalguia de então.
Casou em 1635 com D. Catarina Coutinho, filha e herdeira de D. Manuel Coutinho, senhor da Torre do Bispo. Deste casamento adveio farta geração, composta por dois filhos e sete filhas.
Após a Revolução do 1º.de Dezembro de 1640, diversas lutas se travaram, provocadas pelos exércitos castelhanos, que à viva força pretendiam passar as fronteiras; o conde de Cantanhede aí se distinguiu, tomando parte activa nas lutas, com grande arrojo e valentia. Foi nomeado coronel, quando se realizou a aclamação de D. João IV como rei de Portugal. No ano de 1641, quando o coronel Conde de Marialva, regressa a Cascais, o rei quis compensá-lo pelos nobres serviços prestados à Pátria, dando-lhe um lugar de maior relevo e confiança na Corte, o qual rejeitou de imediato, invocando que a sua carreira era iminentemente a das armas. Quando necessário o reforço e guarnição das fronteiras, recorria-se sempre ao valioso e prestigioso auxílio de D. António Luís de Meneses. No ano de 1656 faleceu o rei D. João IV, sem que o D. António tivesse tomado algum lugar de destaque na Corte, pelas razões atrás invocadas. No ano de 1658, o Governador da praça de Elvas, D. Sancho Manuel, vê-se cercado por uma força de 3 000 homens comandados pelo general castelhano D. Luís Mendes de Haro. A rainha D. Luísa de Gusmão, regente do reino por menoridade de D. Afonso VI, escreveu uma carta ao Conde solicitando os seus préstimos para auxiliar aquela sitiada praça de Elvas. D. Luís de Meneses, acudiu ao chamamento da rainha e de imediato reuniu todas as tropas possíveis deslocando-se de imediato para Estremoz, local do quartel-general. No início do ano de 1659, após uma marcha de dois dias aí estava o conde de Cantanhede com o seu pequeno mas aguerrido exército, colocando-se à frente das linhas de Elvas, o qual após uma grande e memorável batalha, no dia 14, saiu vitorioso. Foi a batalha que maiores glórias lhe granjeou. No ano de 1661 após a recepção de muitas mercês, foi também agraciado com o título de Marquês de Marialva. Neste ano de 1661, a cidade de Évora é tomada por D. João de Áustria, pelo que houve necessidade urgente de se proceder a reforços, recaindo mais uma vez na figura do Marquês de Marialva, que conjuntamente com as forças de Dom Sancho Manuel, governador de Évora, retomaram de imediato a cidade. Também neste ano tomou Valência de Alcântara, uma das principais praças fortes da Estremadura espanhola. No ano de 1665, estando em Estremoz, vem tomar Vila Viçosa que entretanto tinha sido sitiada pelos espanhóis; após esta vitória é surpreendido pelo general Carracena em Montes Claros, travando-se aí renhido combate, que foi mais uma vitória para o Marquês, e a última coroa dos seus triunfos militares. Perante a derrota dos espanhóis estes solicitam a paz, a qual é assinada pelo tratado datado de Fevereiro de 1668, sendo o Marquês um dos plenipotenciários. No ano de 1669 é nomeado procurador das Cortes de Lisboa. Era o Marquês de Marialva senhor das vilas de Merles, Mondim, Cerva, Atem, Ermelho, Bilho, Vilar de Perreiras, Avelãs do Caminho, Leomil, Penela, Póvoa e Valongo; senhor do morgado de Medelo e S. Silvestre; comendador da Ordem de Cristo.
Após a sua morte foi sepultado na vila de Cantanhede.
F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Portugal Dicionário Histórico.
Óbidos, 4 de Fevereiro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 16-06-2010.

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