Centenário da
Primeira Batalha do Rovuma
(Grande Guerra
1914-1918)
A Batalha de
Namiranga - Namaca
27-05-1916 -
27-05-2016
(Inserida na 2ª.
Expedição ao Rovuma)
Por: Luís
Tudella
1ª. Parte
No
próximo dia 27 de Maio faz um século que pela primeira vez as forças militares
portuguesas defrontaram as forças militares alemãs na ex-província de
Moçambique. Esta batalha foi considerada a primeira que se desenrolou nas
margens do rio Rovuma, contudo, antes desta batalha, já tinha havido algumas
escaramuças entre estas forças.
De
salientar que na ex-província de Angola a 18 de Dezembro de 1914, se deu o
combate de Naulila, entre forças militares alemãs e forças militares
portuguesas, o qual se saldou na morte de três oficiais e sessenta e seis
sargentos e soldados portugueses; esta batalha desenrolou-se no sul da
província e ficou na história como o Massacre de Naulila.
O
Rovuma é um rio que nasce no Lago Niassa e desagua no oceano Índico separando a
ex-colónia de Moçambique a sul e a
África Oriental Alemã a norte,, (actualmente Tanzânia), tendo o seu percurso
uma extensão de 700 km.
Em
24 de Agosto de 1892, o embaixador Alemão em Lisboa, informou o governo
Português que a soberania de Portugal no norte de Moçambique, não ultrapassaria
a latitude de Cabo Delgado isto é, cerca de 21 quilómetros a sul do Kionga. A
efectiva ocupação deste território ocorreu em 16 de Junho de 1894 com a entrada
de um cruzador Alemão no porto de Kionga e o desembarque de forças militares de
ocupação constituídas por Ascaris (tropas indígenas Alemãs).
As
forças Portuguesas, constituídas por meia dúzia de soldados indígenas que
guardavam o Posto retiraram-se, apesar de não haver qualquer declaração de
guerra entre Portugal e a Alemanha (o que viria a acontecer a 9 de Março de
1916); uma força Alemã atacou o posto fronteiriço de Maziúa seguindo-se outras
agressões em Outubro. O posto de Maziúa era constituído por uma sentinela
perdida junto da fronteira a meio curso do Rio Rovuma, a 400 quilómetros de
Porto Amélia, o qual era chefiado por um 2º sargento europeu dos serviços de
saúde, de apelido Costa, tendo sob o seu comando meia dúzia de soldados indígenas
do corpo de polícia da companhia do Niassa sendo morto o sargento comandante e
destruído o posto.
Muito
provavelmente, tratar-se-ia do primeiro passo para a anexação futura de todo o
território de Moçambique. Ao protesto das autoridades Portuguesas, seguiram-se
acordos e novos tratados inconsequentes.
Após
o início da Grande Guerra em 1 de Agosto de 1914, o governo Português
determinou por Decreto de 18 de Agosto de 1914, a organização de expedições
militares a Moçambique com o objectivo de defender o território de qualquer
ataque Alemão vindo do norte.
Assim
foram organizadas quatro expedições à antiga província de Moçambique:
1ª. Expedição foi constituída
em 18 de Agosto de 1914, em simultâneo com a expedição para Angola. Foi seu
Comandante o Tenente-Coronel Massano de Amorim e
Chefe
do Estado - Maior, Capitão de Artilharia António Sant´Ana Cabrita Júnior.
2ª. Expedição embarcou para
Moçambique em Outubro de 1915 no vapor Moçambique, onde seguia a bordo o novo
Governador Geral, Dr. Álvaro de Castro. Foi seu Comandante o Major de
Artilharia José Luís de Moura Mendes e Chefe do Estado - Maior, o Capitão de
Infantaria Liberato Damião Ribeiro Pinto.
Esta
expedição foi dividida em três fases operacionais;
a)-
1ª. Fase – de Abril a Maio de 1916;
que consistia na reocupação de Quionga e tentativa sem êxito da invasão do
território alemão pelas forças portuguesas;
b)-
2ª. Fase – de Setembro a Novembro de
1916; invasão do território alemão pelos portugueses, até Nevala, seguida de
retirada;
c)-
3ª. Fase – de 25 de Novembro de 1917
a 28 de Setembro de 1918, invasão pelas forças alemãs do território moçambicano
até próximo de Quelimane (Nhamacurra ou Namacurra). Limitada reacção dos
portugueses e britânicos. Posterior retirada dos invasores.
Para
melhor percebermos o que esperava os nossos militares, nada melhor do que fazer
uma pequena resenha das condições
apresentadas.
3ª. Expedição foi constituída
para reforço da 2ª., através do decreto datado de 25 de Maio de 1916.
Em
28 de Maio, parte da expedição embarcou em Lisboa a bordo do vapor “Portugal”,
seguindo mais tarde as restantes tropas nos navios “Moçambique” em 3 de Junho,
“Zaire” em 24 de Junho, “Machico” em 28 de Junho, “Amarante” em 18 de Julho e “Beira” em Outubro.
Foi
seu Comandante o General José César Ferreira Gil e Chefe do Estado - Maior, o
Major Eduardo Augusto de Azambuja Martins.
4ª. Expedição foi a última
enviada da metrópole para reforço da 3ª.e substituição das suas baixas.
O
embarque em Lisboa realizou-se escalonado de Julho a Outubro de 1917, e pela
seguinte ordem:
1)-
No navio “Portugal”, embarcou o Batalhão de Infantaria 29;
2)-
No navio “Moçambique”, embarcaram os quadros para 20 companhias e um esquadrão
a organizar em Moçambique;
3)-
No navio ”Moçâmedes”, seguiu o Batalhão de Infantaria 30;
4)-
Novamente no navio “Moçambique”, partiu a Companhia de Engenharia, 2 baterias
de artilharia, 2 baterias de metralhadoras. Serviço de saúde e Serviço de
Administração Militar.
Foi
seu Comandante o Coronel de Cavalaria Tomaz de Sousa Rosa e Chefe do Estado -
Maior, o Capitão Eduardo Ferreira Viana.
Posto de Quionga
Continua
Publicado no Jornal das Caldas em 25-05-2016