Numismática
31º. Moeda
Realizações Europeias
“Passarola” Bartolomeu de Gusmão - 1709
8 Euro
Características da
moeda
Anv: Apresenta no centro do campo
a legenda “República Portuguesa”, o escudo nacional assente na esfera armilar
por cima, e o valor facial da moeda 8 € por baixo. No campo lateral esquerdo
encontra-se a era “2007” e o logotipo da colecção. No campo lateral direito a
legenda “Euro”.
Rev: Apresenta na parte superior
junto à orla da moeda as legendas “Realizações Europeias”, e a “Passarola de
Bartolomeu de Gusmão 1709”. Na parte inferior e ao centro apresenta-se a figura
da Passarola desenhada com base em estudos efectuados pelo Padre Himalaia.
Autor: Espiga Pinto.
Moedas
de Prata com acabamento normal:
Valor
facial 8 Euro; Ag: 500/100 de toque; Dia 36 mm; Peso 27 g.; Bordo serrilhado.
Cunhagem 129.375 exemplares.
Moedas
de Prata proof:
Valor
facial 8 Euro; Ag: 925/100 de toque; Dia 36 mm; Peso 31,10 g.; Bordo
serrilhado. Cunhagem de 25.000 exemplares.
Bartolomeu Lourenço
de Gusmão nasceu no ano de 1685 na capitania de São Vicente, Santos, no Brasil,
e faleceu na cidade de Toledo em 18 de Novembro de 1724. Era filho de Francisco Lourenço Rodrigues e de Maria Álvares. Mais
tarde, em 1718, adoptou o apelido de Gusmão em homenagem ao preceptor o jesuíta Alexandre Gusmão. Cursou
as primeiras letras provavelmente na própria Capitania de São Vicente, no
Colégio de São Miguel, então o único estabelecimento educacional da região.
Prosseguiu os estudos na Capitania da Baía de Todos os Santos. Aí ingressou no
Seminário de Belém, em Cachoeira, onde teria início a sua profícua carreira de inventor. O
seminário situava-se sobre um monte de cem metros de altura, cujo abastecimento
de água era muito precário, a qual tinha que ser captada e transportada em
vasos a partir de um brejo subjacente. Percebendo o problema, Bartolomeu
inteligentemente planeou e construiu um maquinismo para levar a água do charco
até o seminário por meio de um cano longo. O invento, testado com absoluto
sucesso, foi considerado admirável e de grande utilidade, inclusive pelo
próprio reitor e fundador do seminário, o sacerdote Alexandre de Gusmão. Terminou
o curso no Seminário de Belém em 1699, Bartolomeu transferiu-se para Salvador, capital do Brasil à época, e ingressou na Companhia de Jesus, de
onde saiu antes de ser ordenado, em 1701. Viajou para Portugal, onde chegou já famoso, ficando hospedado em Lisboa, na
casa do 3º Marquês de Fontes, que
se impressionara com os dotes intelectuais do jovem. Contava ele então com
apenas dezasseis anos. Em 1702, Bartolomeu voltou ao Brasil e deu início ao
processo de sua ordenação sacerdotal. Três anos depois requereu à Câmara da Baía
a patente para o seu
aparelho inventado anos antes - o invento para fazer subir água a
toda a distância e altura que se quiser levar. A patente foi expedida
em 23 de março de 1707 pelo rei Dom João V. Em 1708, já ordenado padre,
Bartolomeu embarcou mais uma vez para Portugal. Logo após a sua chegada, no
primeiro dia de Dezembro matriculou-se na Faculdade de Cânones da Universidade de Coimbra.
Passados alguns meses, contudo, abandonou a faculdade para se instalar em Lisboa, onde foi recebido com agrado pelo Rei Dom João V e pela Rainha Maria Ana de Áustria, tendo sido apresentado aos soberanos por um dos maiores
fidalgos da Corte, D. Rodrigo Anes de
Sá Almeida e Menezes. Na capital portuguesa o padre Bartolomeu de Gusmão pediu
patente ou "petição de privilégio "
para um “instrumento para se deslocar pelo ar” – que se revelaria ser, mais
tarde, o que hoje se conhece por aeróstato ou balão, a qual
foi concedida no dia 19 de Abril de 1709 . Em Agosto, finalmente, Bartolomeu de Gusmão fez perante a
corte portuguesa cinco experiências com balões de pequenas dimensões
construídos por ele: na primeira, realizada no dia 3 na Casa do Forte (Palácio Real), o protótipo utilizado pegou fogo antes de subir; na
segunda, feita no dia 5 noutra dependência do palácio, a Casa Real, o
aeróstato, provido no fundo duma tigela com álcool em combustão, elevou-se a 4
metros, quando começou a arder ainda no ar, sendo imediatamente derrubado por
dois serviçais armados de paus, receosos dum incêndio aos cortinados do
recinto; na terceira vez, no dia 6 novamente na Casa do Forte, o balão,
contendo no interior uma vela acesa, logrou fazer um voo curto, mas queimou-se;
na quarta, executada no dia 7 no Terreiro do Paço, o balão elevou-se a grande altura, pousando lentamente
minutos depois; na quinta, levada a efeito no dia 8 na Sala das Audiências, no interior
do Palácio Real, o globo subiu até o tecto do aposento, aí se demorando, quando
enfim desceu com suavidade. Em 3 de Outubro de 1709, na ponte da Casa da Índia, o padre fez nova
demonstração do invento. O aparelho utilizado era maior que os anteriores, mas
ainda incapaz de carregar um homem. A experiência teve êxito absoluto: o
aeróstato subiu alto, flutuou por um tempo não medido e pousou sem estrépito.
O fato causou celeuma na cidade e a notícia
rapidamente se espalhou para alguns reinos europeus. O invento, foi divulgado
pela Europa em estampas fantasiosas que, em geral, o retratavam como uma barca
com formato de pássaro, ficando conhecido como “Passarola”. Entre 1713 e 1716 viajou pela Europa. Em
1713 registou na Holanda o invento de
uma “máquina para a drenagem da água alagadora das embarcações de alto mar”
(patente que só veio a público em 2004 graças a pesquisas realizadas pelo
arquivista e escritor brasileiro Rodrigo Moura Visoni). Viveu em Paris, trabalhando como ervanário para se sustentar, até que encontrou seu irmão Alexandre, secretário
do embaixador de Portugal na França. O padre Bartolomeu de Gusmão
voltou a Portugal, mas foi vítima de traiçoeira campanha de difamação.
Acusado pela Inquisição de simpatizar com cristãos-novos,
foi obrigado a fugir para a Espanha, no final de Setembro de 1724, com um seu irmão mais novo, Frei
João Álvares, pretendendo chegar a Inglaterra. Segundo o testemunho que, mais tarde, João Álvares daria à
Inquisição espanhola, Bartolomeu de Gusmão ter-se-ia convertido ao judaísmo, em 1722, depois de atravessar uma crise religiosa. O
relato de João Álvares ao Santo Ofício, ainda que deva ser considerado com
cautela, mostra, segundo Joaquim Fernandes, aspectos místicos, messiânicos e
megalômanos de Bartolomeu de Gusmão. Em Toledo, Bartolomeu adoeceu gravemente, sendo recolhido no Hospital
da Misericórdia daquela cidade, onde veio a falecer em 18 de Novembro de 1724, aos
38 anos. Antes de morrer, porém, confessou-se e recebeu a comunhão, conforme o
ritual católico, e assim foi sepultado na Igreja de São Romão, em Toledo. Foram
feitas, ao longo de décadas, várias tentativas para localizar a sua campa, o
que ocorreu no ano de 1856.
Parte dos restos mortais foram transladados para o Brasil no ano de 2004,
encontrando-se depositados na Catedral
Metropolitana de São Paulo. Cinco testemunhas registraram essas
experiências: o cardeal italiano Miquelângelo Conti, eleito papa em 1721 sob o nome de Inocêncio XIII, os escritores Francisco Leitão Ferreira e José Soares da Silva, nomeados membros da Academia Real de
História Portuguesa em 1720, o diplomata José da Cunha
Brochado e o cronista Salvador António
Ferreira, portugueses.
Fontes:http://pt.wikipedia.org/wiki/Bartolomeu_de_Gusm%C3%A3o; http://www.infopedia.pt/$passarola-voadora;jsessionid=Vuy6bNYP-buqm94CDCpxUg__. Documentação avulsa da INCM;
Colecção particular do autor.
F I M
Publicado no Jornal das Caldas de 28-05-2014