segunda-feira, 13 de abril de 2009

Moeda de Ouro de Kustav Klimt


Coleccionismo
Numismática
Por: Luís Manuel Tudella


Moeda de Ouro
Kustav Klimt












Se há países que viveram uma época de ouro, e que foi marcante para o resto das nações europeias, esse foi sem dúvida a Áustria, criando grandes génios, nas artes, na música, na escultura, na pintura e constituindo estilos e escolas que se notabilizaram por toda a Europa. A Áustria é um dos países que restam do grandioso Império Austro – Húngaro, atingindo o seu apogeu nos séculos, XVII, XVIII, XIX e inicio do século XX, extinguindo-se, após o fim do maior conflito que existiu até então, na Europa, a 1ª. Guerra Mundial (1914-1918).
De entre os génios que este país produziu na vertente de pintura, recaí um acolhimento muito especial em Kustav Klimt, que no meu entender, foi aquele que melhor se debruçou sobre a condição da mulher, pintando-a em todos os seus estádios, desde a mais tenra idade até à velhice.
Foi um exímio artista retratando nus, tanto masculinos, mas em especial femininos.
Era um dos artistas mais importantes do seu tempo, sendo possuidor de uma personalidade, carismática e dominante, incutindo-a nas suas obras.
Era um artista que teve forte influência nos assuntos culturais e monárquicos.
A casa da moeda austríaca, tem-se imposto a nível internacional com a qualidade dos seus gravadores, sendo o seu trabalho de exigência, de elevado nível de execução das suas obras, que nos surpreendem com as magnificas reproduções dos mais belos quadros, e outros temas, com um rigor inigualável, tornando-se seu apanágio.
Kustav Klimt, sendo um dos grandes pintores do fim do século XIX e inicio do século XX, viu uma das suas obras mais emblemáticas escolhida para ser evocada e perpetuada na numismática; o célebre quadro a óleo sobre tela “O Beijo”, obra pintada entre os anos de 1907-1908, considerada por todos como a mais famosa e a mais difundida graças a um elevado número de reproduções de diversas formas. Este quadro foi executado na fase designada por dourada, porque nessa época o artista utilizou as cores douradas e a verdadeira folha de ouro.
Mas quem foi afinal Gustav Klimt?, as escolas que frequentou, os trabalhos que efectuou, as exposições que executou, os prémios que ganhou, enfim… tudo aquilo que fez, para se tornar num dos grandes artistas do fim do século, sendo cobiçado pela alta aristocracia de diversos países para a execução de trabalhos de relevo???
Biografia de Gustav Klimt.
- Nasceu em 14 de Julho de 1862, em Baumgarten, próximo de Viena, filho de Ernst Klimt e de Anna Klimt, ele gravador de profissão. Era o segundo dos sete filhos do casal.
- Ingressa no ano de 1876, na Escola das Artes Decorativas do Museu Austríaco Imperial e Real de Arte e Indústria de Viena, onde frequenta aulas de pintura.
- No ano de 1879, inicia com a colaboração do seu irmão Ernst e colega Franz, os trabalhos de esgrafito para o Museu da História de Arte de Viena.
- Termina os seus estudos de formação das Artes Decorativas em Viena no ano de 1883. Cria um atelier conjuntamente com o irmão e o colega Franz, a que lhe chamam “Companhia dos Artista”.
-Entre 1883 e 1885, aceitam e executam trabalhos de decoração no Teatro Municipal de Fiume, na ex - Jugoslávia.
- No ano de 1886, inicia os trabalhos de decoração nas escadarias do Teatro Imperial.
- Em 1887, é contratado pela Câmara Municipal de Viena para pintar uma vista interior do antigo Teatro Imperial.
- Nos anos de 1888 e 1889, viaja para Cracóvia, Trieste, Veneza e Munique, onde contacta com obras renascentistas e com diversos artistas de diversas escolas e estilos.
- No ano de 1890, recebe o primeiro Prémio Imperador, pelo quadro “Sala dos Espectadores”, guache sobre papel, do antigo Teatro Imperial.
- Em 1891 adere à Cooperativa dos Artistas das Artes Decorativas de Viena, sendo proposto para o cargo de professor na Academia, mas não foi nomeado.
Conjuntamente com o seu irmão Ernst e o seu colega Franz, são agraciados com “o mais alto reconhecimento”, pelos trabalhos de decoração do Museu da História de Arte.
- No ano de 1892, sofre um choque enorme com as mortes do seu pai e do seu irmão e companheiro de trabalho Ernst.
- Em 1893, torna a viajar, desta vez para a Hungria onde pinta aí o Teatro de Totis, contratado pelo príncipe Esterhazy.
- Em 1894, ele o seu colega Matsch, são contratados pelo ministro da Educação para realizarem o trabalho “ Os Quadros das Faculdades”.
- No ano de 1897, abandona a Cooperativa dos Artistas das Artes Decorativas de Viena. É criada a Fundação da Secessão vienense por Joseph Maria Olbrich, Josef Hoffmann e Gustav Klimt, o qual é nomeado o seu primeiro presidente.
Pinta os primeiros quadros paisagísticos e trabalha nos “Quadros das Faculdades”
- No ano de 1898, é feita a primeira exposição da Secessão. É fundada a revista da Secessão “Ver Sacrum”. Após diversos diálogos e disputas acérrimas, celebre finalmente o contrato para Os Quadros das Faculdades. É inaugurado o pavilhão de exposições da Secessão. Gustav Klimt é aceite na International Society of Painters, Sculptors and Engraves de Londres, e como membro correspondente da Secessão em Munique, que lhe granjeiam enorme prestigio. Foi um ano muito enriquecedor para Klimt, pois viu o reconhecimento internacional dos seus trabalhos.
- No ano de 1899 finaliza os trabalhos de decoração para o salão da música do Palácio Dumba.
- Em 1900, expõe na Casa da Secessão, quadros paisagísticos e expõe também a inacabada “A Filosofia”, os quais são alvo de fortes críticas e protestos.
Na exposição Universal de Paris, recebe a Medalha de Ouro por este quadro.
Torna-se membro da Secessão de Berlim.
- No ano de 1902, expõe sobre Beethoven na Secessão com o trabalho “O Friso de Beethoven”. A Colecção Gráfica de Albertina, em Viena, adquire os primeiros desenhos.
- Em 1903, conjuntamente com outros, expõe 80 obras suas no Pavilhão da Secessão em Viena.
Viagem para Ravena e Florença. Continua com os trabalhos de Os Quadros das Faculdades, executando profundas alterações.
- No ano de 1904 é contratado para executar os projectos de O Friso de Stoclet em Bruxelas. Participa em exposições nas cidades de Dresden e Munique.
- Em 1905, saída do grupo Klimt da Secessão. Viagem para Berlim onde expõe 15 quadros na Exposição da Aliança dos Artistas Alemães, sendo galardoado com o “Prémio Villa Romana”.
- No ano de 1907, acaba o trabalho “Os Quadros das Faculdades”, expondo-os em Viena e Berlim. São publicados os primeiros desenhos eróticos.
- No ano de 1908, é o ano da sua glorificação com mostra de Arte de Viena, numa grande exposição, onde estão incluídas todas as áreas artísticas; com 16 quadros de Klimt, sendo um deles o celebre “O Beijo” e “As três Idades da Vida”, recebendo por estes quadros a Medalha de Ouro. Viagem para Munique.
- No ano de 1909, participa na Mostra de Arte Internacional de Viena. Participa na Exposição Internacional de Arte da Secessão de Berlim.
Viaja para Praga, Paris e Espanha. É o fim do Período Dourado.
- Em 1911 participa na Exposição Internacional de Arte de Roma, onde recebe o 1º. Prémio pelo quadro Morte e Vida, um óleo sobre tela, o qual representa a evolução do homem desde o seu nascimento até à sua morte. Viaja para Roma e Florença.
- No ano de 1912 é nomeado presidente da Aliança dos Artistas Austríacos. Participação na exposição de Dresden.
- No ano de 1913, vamos assistir a uma nova faceta de Klimt, depois de expor em Munique, Budapeste e Mannheim, vai passar o verão nas margens do lago de Garda em Itália, onde se dedica à pintura paisagística.
- No ano de 1917 é membro honorário da Academia das Artes Decorativas de Viena.
- A 11 de Janeiro de 1918, sofre um ataque cerebral na sua residência de Viena, vindo a falecer no dia 6 de Fevereiro desse ano, deixando um sem número de obras incompletas.
Pelo que atrás se expõe, pode-se deduzir que teve uma vida muito rica e cheia de actividades; exposições, onde ganhou diversos prémios de elevado prestigio, exposições colectivas com os expoentes máximos da pintura da Europa de então, presidente e professor de Academias de Arte, e Cooperativas de Artistas de Artes Decorativas, fundador e simultaneamente Presidente da Fundação da Secessão Vienense, foi um apaixonado por viagens, percorrendo as cidades culturais mais em voga de então, e vivências com a mais alta aristocracia europeia.
A moeda alusiva à sua tela “O Beijo” tem as seguintes características:
No anverso, apresenta-nos ao centro a figura estilizada de Gustav Klimt, no seu atelier, com um trajo exótico, de bata até aos pés, ladeado entre dois cavaletes, apreciando um dos trabalhos. Por baixo do cavalete que se encontra nas suas costas, está inserido o valor facial da moeda de 100 Euro, ladeado da esquerda para a direita a legenda Republic Österreich, e na parte oposta a legenda Gustav Klimt e a era 1862 – 1918. Esta face está muito bem conseguida, ocupando o seu campo equitativamente, com simples traços clássicos dando-nos a compreender na perfeição, aquilo que o artista nos quis transmitir.
No reverso, apresenta-nos uma estilização do célebre quadro “O Beijo”, onde de fácil leitura, se pode ver o corpo feminino da mulher enlaçado pelos braços do homem, com a cabeça debruçada sobre o ombro, onde as mãos dele afagam a face docilmente e se debruça sobre o seu corpo dando-lhe um beijo na face.
O impacto que nos transmite a imagem, é de uma qualidade enorme, realçando o fervor e a intensidade com que os amantes se beijam.
De linhas clássicas pouco vincadas no seu conjunto, surte um efeito muito equilibrado e de uma riqueza enorme, pois abarca todo o campo da moeda na sua amplitude.
Estamos perante uma moeda de exímio trabalho, realçando a sua beleza e elegância, que foi objecto de enorme procura entre os numismatas, e não só, aquando da sua emissão, e que se tem vindo a valorizar pela procura de que tem sido alvo, ao longo dos anos.
Foram cunhadas 30.000 moedas, em ouro, com a permilagem de 986/1000, de 16 grs. de peso, 30 mm de diâmetro, de autoria de H.Wähner.






















O quadro “O Beijo” Gustav Klimt

Biografia consultada: Livro de Klimt da autoria de Gottfried Fliedl,.


Fevereiro de 2009.