quarta-feira, 25 de maio de 2016

 
Centenário da Primeira Batalha do Rovuma
(Grande Guerra 1914-1918)
A Batalha de Namiranga - Namaca
27-05-1916 - 27-05-2016
(Inserida na 2ª. Expedição ao Rovuma)
Por: Luís Tudella
1ª. Parte
 
No próximo dia 27 de Maio faz um século que pela primeira vez as forças militares portuguesas defrontaram as forças militares alemãs na ex-província de Moçambique. Esta batalha foi considerada a primeira que se desenrolou nas margens do rio Rovuma, contudo, antes desta batalha, já tinha havido algumas escaramuças entre estas forças.
De salientar que na ex-província de Angola a 18 de Dezembro de 1914, se deu o combate de Naulila, entre forças militares alemãs e forças militares portuguesas, o qual se saldou na morte de três oficiais e sessenta e seis sargentos e soldados portugueses; esta batalha desenrolou-se no sul da província e ficou na história como o Massacre de Naulila.
O Rovuma é um rio que nasce no Lago Niassa e desagua no oceano Índico separando a ex-colónia de Moçambique  a sul e a África Oriental Alemã a norte,, (actualmente Tanzânia), tendo o seu percurso uma extensão  de 700 km.
Em 24 de Agosto de 1892, o embaixador Alemão em Lisboa, informou o governo Português que a soberania de Portugal no norte de Moçambique, não ultrapassaria a latitude de Cabo Delgado isto é, cerca de 21 quilómetros a sul do Kionga. A efectiva ocupação deste território ocorreu em 16 de Junho de 1894 com a entrada de um cruzador Alemão no porto de Kionga e o desembarque de forças militares de ocupação constituídas por Ascaris (tropas indígenas Alemãs).
As forças Portuguesas, constituídas por meia dúzia de soldados indígenas que guardavam o Posto retiraram-se, apesar de não haver qualquer declaração de guerra entre Portugal e a Alemanha (o que viria a acontecer a 9 de Março de 1916); uma força Alemã atacou o posto fronteiriço de Maziúa seguindo-se outras agressões em Outubro. O posto de Maziúa era constituído por uma sentinela perdida junto da fronteira a meio curso do Rio Rovuma, a 400 quilómetros de Porto Amélia, o qual era chefiado por um 2º sargento europeu dos serviços de saúde, de apelido Costa, tendo sob o seu comando meia dúzia de soldados indígenas do corpo de polícia da companhia do Niassa sendo morto o sargento comandante e destruído o posto.
Muito provavelmente, tratar-se-ia do primeiro passo para a anexação futura de todo o território de Moçambique. Ao protesto das autoridades Portuguesas, seguiram-se acordos e novos tratados inconsequentes.
Após o início da Grande Guerra em 1 de Agosto de 1914, o governo Português determinou por Decreto de 18 de Agosto de 1914, a organização de expedições militares a Moçambique com o objectivo de defender o território de qualquer ataque Alemão vindo do norte.
Assim foram organizadas quatro expedições à antiga província de Moçambique:
1ª. Expedição foi constituída em 18 de Agosto de 1914, em simultâneo com a expedição para Angola. Foi seu Comandante o Tenente-Coronel Massano de Amorim e 
Chefe do Estado - Maior, Capitão de Artilharia António Sant´Ana Cabrita Júnior.
2ª. Expedição embarcou para Moçambique em Outubro de 1915 no vapor Moçambique, onde seguia a bordo o novo Governador Geral, Dr. Álvaro de Castro. Foi seu Comandante o Major de Artilharia José Luís de Moura Mendes e Chefe do Estado - Maior, o Capitão de Infantaria Liberato Damião Ribeiro Pinto.
Esta expedição foi dividida em três fases operacionais;
a)- 1ª. Fase – de Abril a Maio de 1916; que consistia na reocupação de Quionga e tentativa sem êxito da invasão do território alemão pelas forças portuguesas;
b)- 2ª. Fase – de Setembro a Novembro de 1916; invasão do território alemão pelos portugueses, até Nevala, seguida de retirada;
c)- 3ª. Fase – de 25 de Novembro de 1917 a 28 de Setembro de 1918, invasão pelas forças alemãs do território moçambicano até próximo de Quelimane (Nhamacurra ou Namacurra). Limitada reacção dos portugueses e britânicos. Posterior retirada dos invasores.
Para melhor percebermos o que esperava os nossos militares, nada melhor do que fazer uma pequena resenha  das condições apresentadas.
3ª. Expedição foi constituída para reforço da 2ª., através do decreto datado de 25 de Maio de 1916.
Em 28 de Maio, parte da expedição embarcou em Lisboa a bordo do vapor “Portugal”, seguindo mais tarde as restantes tropas nos navios “Moçambique” em 3 de Junho, “Zaire” em 24 de Junho, “Machico” em 28 de Junho, “Amarante” em 18 de Julho e  “Beira” em Outubro.
Foi seu Comandante o General José César Ferreira Gil e Chefe do Estado - Maior, o Major Eduardo Augusto de Azambuja Martins.
4ª. Expedição foi a última enviada da metrópole para reforço da 3ª.e substituição das suas baixas.
O embarque em Lisboa realizou-se escalonado de Julho a Outubro de 1917, e pela seguinte ordem:
1)- No navio “Portugal”, embarcou o Batalhão de Infantaria 29;
2)- No navio “Moçambique”, embarcaram os quadros para 20 companhias e um esquadrão a organizar em Moçambique;
3)- No navio ”Moçâmedes”, seguiu o Batalhão de Infantaria 30;
4)- Novamente no navio “Moçambique”, partiu a Companhia de Engenharia, 2 baterias de artilharia, 2 baterias de metralhadoras. Serviço de saúde e Serviço de Administração Militar.
Foi seu Comandante o Coronel de Cavalaria Tomaz de Sousa Rosa e Chefe do Estado - Maior, o Capitão Eduardo Ferreira Viana.
Posto de Quionga
Continua
Publicado no Jornal das Caldas em 25-05-2016